Factos...e Aniversário
Diz-se que “a vida é feita de pequenos nadas”. E assim, as épocas. Quando referi 66 como sendo um ano importante no futuro da música popular, não me referia intrinsecamente à música produzida – que foi do melhor, e disso não tenho dúvidas – mas também a uns poucos factos que marcaram o ano.
Por vezes, e na altura, pensa-se que determinado acontecimento tenha uma importância relevante para a altura, mas que será esquecido. E espantamo-nos depois, quando verificamos que perduram. Como aconteceu com a comparação que Lennon, em de Março de 66, estabeleceu entre a popularidade relativa dos Beatles e Jesus.
Normalmente, a frase seria recebida com humor, conhecida que era a fina ironia de John. Mas os sectores mais conservadores da sociedade, nomeadamente a norte-americana, hipócrita e sempre incomodada com a irreverência da juventude, reagiram como se de blasfémia se tratasse, contribuindo assim para que a frase não mais fosse esquecida, ao mesmo tempo que dava novo impulso a que a “boutade” expressa se tornasse uma realidade.
Algum tempo depois, e ainda em relação ao grupo de Liverpool, sairia o álbum já mencionado no post anterior, que além da sua qualidade sonora, inovaria também graças ao aspecto gráfico com que se apresentava – um trabalho excepcional do alemão Klaus Voorman, curiosamente, e durante algum tempo, membro dos Manfred Mann. Se de há uns tempos a essa parte, havia já um certo cuidado por parte de editoras e artistas com a apresentação dos discos de longa duração, esse LP ultrapassaria todas as expectativas, e a seguir, não mais a capa seria um mero “embrulho” da obra artística, mas também ela própria uma obra merecedora de atenção, de per si.
Também um simples encontro entre dois homens, pode transformar tudo. Foi assim, quando Chas Chandler, baixista dos Animals, ouviu num pequeno pub Jimi Hendrix, um quase anónimo há poucas horas chegado dos EUA e que tentava a sua sorte no então paraíso musical inglês. O homem era mesmo bom, e Chas, então já mais dedicado à editora que ao seu grupo, desafiou-o para gravar. E o “Hey, Joe”, sairia tempos depois com um impacto inusitado, mas não tão profundo como o doravante causado pelo seu intérprete.
Quase ao mesmo tempo, outro dos deuses da guitarra, Eric Clapton, era convidado pelo “pai” dos blues ingleses, John Mayall, para integrar os seus Bluesbreakers, composto pelo próprio, John McVie e Hughie Flint. Clapton, então um purista dos blues, desiludido com o rumo que o seu grupo, os Yardbirds, tinha seguido, aceitou e da colaboração resultou aquele que, para mim, é até hoje, um dos grandes discos de blues, gravados no Reino Unido. Nele, é reconhecível e inconfundível, o som de uma guitarra, que faria história. Por esses dias, os grafitis das ruas de Londres diziam que “Clapton is God”. Depois…..viriam os Cream.
Portanto, mais um encontro que resultou num facto preponderante. Na época e no futuro.
E assim se ia fazendo um ano invulgar para a música popular.
Nota:- Esta minha pequena assoalhada faz hoje um ano. Aos amigos que me ajudaram a mantê-la com a sua atenção, a minha eterna gratidão.
Nota à nota, para acrescentar que a minha Musical Box esteve para se chamar Club a GoGo. Porquê? Por causa desta música dos Animals, que por acaso até é mais ou menos da altura que refiro no post.
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