Reflexões e Novidades
Há um conhecido meu, conhecimento de décadas, que ouve muito pouca música que não seja dos anos 60/70. Ou melhor, ele vai ouvindo, só que são os trabalhos de músicos que já vêm dessa altura, seja o Bob Dylan ou os ZZ Top, Neil Young ou o Knopfler. Para ele, a verdadeira American Band continuam a ser os Grand Funk Railroad e heavy, só mesmo o dos Led Zeppelin, e o verdadeiro herói americano continua a ser Jim Morrison e as suas portas. Não é que eu pense que ele tenha mau gosto musical, a discoteca dele, apesar de não ser muito grande, demonstra algum critério (isto na minha óptica, claro): passa pelos já mencionados e também pelos Génesis, algum jazz, Gentle Giant, alguma soul. E mais algumas coisas dentro da mesma linha.
Mas acho um bocado estático. Já repararam como ficaria limitada a vida sentimental do meu muito admirado Rob, do Alta Fidelidade se ele fosse assim? É que para este meu conhecido, não há mais guitarra para além da de Jimi Hendrix ou Eric Clapton, e chega ao extremo de se pronunciar depreciativamente sobre grupos como os Depeche Mode dizendo que o acha “um bocado amaricados”. De modo que já estão a ver a minha surpresa quando aqui há uns dias me veio dizer que tinha ouvido um grupo novo que não lhe desagradava de todo. Quando lhe perguntei qual era, respondeu: “Os Verve”. Mas ele ainda ficou mais espantado quando lhe disse que os Verve já se tinham separado para aí há uns 6 anos.
O homem anda mesmo a leste.
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A Maior Banda do Mundo, revisitada
Doa a quem doer, os Beatles serão sempre a maior banda do mundo. Numa discografia limitada pelo tempo escasso que permaneceram juntos constituída para aí por umas duzentas canções, procura-se, procura-se, e o detractor sai desiludido porque não consegue encontrar uma a que possa chamar fraquinha.
Este remix feito pelo antigo produtor do grupo e pelo seu filho, está bonito, e há algumas canções que nem parecem as mesmas, apesar da qualidade se manter elevada. Por exemplo esta, que já era uma das minhas mais (embora eu considere que mais são elas todas)
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Enfim, Damien de novo
Rice prometeu com o seu “O” algo que ninguém deveria estar muito certo o que seria, tal a exuberante qualidade da obra. Manter aquele nível seria difícil, pelo que, da minha parte havia um certo receio que o passo seguinte fosse uma desilusão.
Para muitos, sê-lo-á. Mas como digo, a missão era quase impossível. “O” será um dos álbuns da década, tal como Grace, de Jeff Buckley, o foi na década anterior. E a analogia é propositada, sim.
Neste “9”, ( a sua canção inicial intitula-se 9 Crimes), Damien passeia-se pelo seu jardim secreto de mão dada com etérea Lisa Hannigan, com a suavidade do costume, na voz não há truques e a viola e piano são tratados com o carinho que uma mãe tem pelo filho recém-nascido, e nem mesmo canções improváveis como “Me, my yoke + I” parecem intrusas. Durante algumas passagens desta obra sou inadvertidamente levado a canções de Cohen. Poderá a alguns parecer blasfémia, mas espero tanto deste irlandês, que não me repugna prever que um dia ele possa ocupar o lugar do septuagenário canadiano.
Como digo, “O” seria (quase) inalcançável. “9”, sem se alcandorar aos píncaros, atinge um nível muito apreciável e merece uma audição atenta e respeitosa.
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Vou processar o Mega Ferreira por plágio!
1 Comentários:
Realmente não gostei do 9, tens toda a razão quando dizes que seria muito dificil fazer algo como o espectacular O, mas esperariamos algo proximo e não um novo album tão fraco.
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