sábado, maio 12, 2007

A estrada de Katmandu

Nessa época, era inevitável, todos sonhávamos com a estrada para Katmandou, levados pela cítara de George Harrison, do Donovan ou do Brian Jones em “Paint it black“. Ou pelo Eight Miles High, dos Byrds, ou o For Your Love dos Yardbirds.
Ingenuamente, alguns de nós, desterrados num fim de mundo onde mal se conseguiam notícias do exterior, e as poucas que chegavam vinham já filtradas por um crivo severo, acreditávamos que esse percurso era feito por muitos dos nossos ídolos, na busca da inspiração. É certo que pairava no ar a estranheza ao assistirmos a cenas como a de Jimi Hendrix em Monterey…
Jimi Hendrix

…mas tudo explicávamos a nós próprios como excentricidades de génios e aplaudíamos.
Mas a estrada que pensáramos um dia nos conduziria ao paraíso da música, da paz e do amor, tinha um desvio para o inferno, e o despertar foi doloroso, quando começámos a saber do desaparecimento de alguns que venerávamos, Jimi num dia, Janis Joplin noutro, Morrison mais tarde. E muitos outros.
Mas se estes que menciono deixaram o nome gravado a ouro e mesmo gerações que não lhes foram contemporâneas os conhecem, outros desapareceram sem quase deixar notícia para a posteridade, a não ser as pegadas na memória dos que os ouviam com admiração.
È desses que falo hoje.
No dealbar da psicadelia, Los Angeles foi um alfobre de grandes talentos. De lá surgiram os Jefferson Airplane, os Moby Grape, The Mamas and the Papas e muitos ouutros. Entre eles destacou-se um grupo, The Association, composto por músicos de várias origens, que inspirados pela música dos New Christy Ministrels e pelos Serendipity Singers, e influenciados pela música que então se fazia na West Coast, tentaram a fusão dos dois estilos, do qual resultou um pop-rock baseado em acordes vocais perfeitos (alguns bem ao estilo dos Beach Boys), e linhas melódicas simples, mas de um bom gosto evidente.
Association1


The Association - Cherish
E o resultado foi um êxito notável na sua primeira aparição pública, precisamente no festival de Monterey, onde tinham como parceiros de palco nomes tão sonantes como Jimi ou Simon and Garfunkel, The Who ou Eric Burdon. Daí para a frente, fizeram uma carreira recheada álbuns de excelente nível e de tops nas tabelas de vendas, embora por cá só tivesse surgido um ou outro, e sempre através dos sempre atentos produtores do Em Órbita. Não se deve olvidar que nessa altura, a carreira de um músico ou grupo se construía mais baseado nos singles que subiam nas tabelas, que nos álbuns. Por isso, para quem os ouviu, The Association, ficaram mais conhecidos por canções como “Along Comes Mary“, “Cherish“ ou sobretudo “Windy“ e “Never my Love“, do que por “Along comes…The Association”, o seu primeiro LP, ou por “Stop your motor”.



The Association - Windy

Mas a roda da fortuna durou pouco para o septeto. Problemas com editoras e com drogas, más actuações ao vivo e por fim a morte em 1973 do seu baixista Brian Cole por overdose, foram as causas directas do progressivo eclipse da banda e no mesmo ano, o grupo desfez-se sem glória, deixando no entanto, uma obra apreciável, mas hoje, quase esquecida mesmo nos EUA .

The Association - Requiem for the masses


association poster

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