Incontornáveis/1966 - 1ª parte

Procurarei pois, dar uma pincelada rápida por aqueles acontecimentos que, na minha óptica, se revestiram de maior relevância no campo musical.
Assim, será importante assinalar, que foi nesse ano que:
- a associação de músicos ingleses deliberou banir da televisão o recurso ao play-back.
- os Rolling Stones, (que tinham iniciado o ano com um notável tiro no pé ao editarem um single cujo lado B, As tears go by, era melhor que o lado A, 19th nervous breakdown) lançam o seu primeiro álbum integralmente constituído por originais do grupo, o notável Aftermath,
- os Beach Boys editam a sua obra maior, Pet Sounds, fruto do génio de Brian Wilson
- Stevie Winwood, adolescente de 17 anos, torna-se figura cimeira da música britânica como vocalista e indiscutível líder do Spencer Davis Group, irrompendo nos tops com Keep on Runnig (da autoria do produtor do grupo, Chris Blackwell).
- Eric Clapton junta-se a John Mayall, Hughie Flint

- os Byrds gravam aquela que é considerada por vários críticos musicais, a 1ª canção psicadélica de sempre, “Eight Miles High" (outros defendem que teria sido For your love, dos Yardbirds)
- emerge o movimento musical originário da West Coast. Os primeiros nomes a ganharem notoriedade nas charts são os Lovin’ Spoonful, de John Sebastian, os Mamas and Papas, os Association e os Love.
- John Lennon gera controvérsia mundial ao comparar a popularidade dos Beatles á de Jesus Cristo (por vezes custa ouvir a verdade)
- uma banda espanhola, Los Bravos, atinge o 2º lugar do top britânico com “Black is black”
- Leonard Bernstein afirma que está mais interessado no trabalho de Simon & Garfunkel e dos Associaton que nos pretensiosismos académicos da “contemporary art music“.
- Dylan, logo após a edição da sua obra prima Blonde on Blonde tem um acidente de mota quase fatal.
- Os Pink Floyd dão os seus primeiros concertos
- Chas Chandler, baixista dos Animals, “descobre” Jimi Hendrix durante a digressão do grupo pelos Estados Unidos.
Após esta breve resenha, vamos então à análise dos Álbuns, não deixando de frisar que, dada a elevada quantidade de álbuns editados durante esse ano e a sua qualidade, analisarei aqueles que na minha óptica terão sido os mais relevantes.
Assim, e por ordem alfabética:Aftermath - Rolling Stones - O primeiro Lp dos Stones integralmente preenchido com originais da dupla Jagger/Richards. E um excelente álbum, diga-se, dos melhores de sempre do grupo britânico, com um som ainda muito influenciado nos r’n’blues, e no seu todo bastante equilibrado. Quero dizer com isto que as canções incluídas, são na sua maioria, de qualidade superior musicalmente, mas também de líricas mais elaboradas, algumas delas bastante cáusticas relativamente às hipocrisias da sociedade de então, como a canção de abertura, Mother’s Little Helper, Out of Time ou Stupid Girl, estas, duas das minhas preferidas, juntamente com Doncha Bother Me e Under My Thumb, e creio que das mais conseguidas do conjunto.
And then ... along comes The Association - Esta foi talvez, uma das maiores surpresas do ano


Mas este álbum é realmente de qualidade superior, talvez o único motivo de alegria para Eric Burdon, que aqui demonstra as suas extraordinárias capacidades vocais. O Lp é um misto de covers e originais bem caldeado, em que Dave Rowberry dá mostras de que a sua presença talvez tivesse merecido mais que um papel secundário e quase obscuro papel, na história dos Animals.
Blonde on Blonde - Bob Dylan - O 1º Lp duplo de Dylan, é também por isso, um marco na história do rock

Uma lição completa, dada pelo grande e incomparável mestre
2 Comentários:
Duas notas apenas, caro Yardbird:
1."Going Home", incluído em "Aftermath", é um dos "meus" temas dos Stones. As raízes bluesy dos Stones e a extraordinária flexibilidade interpretativa de Jagger (cantar bem não é ter boa voz) são aí bem evidenciadas. Bingo!
2. Para mim, "Blonde On Blonde" é o melhor álbum de sempre de Dylan, mas isso é apenas a minha opinião. vale o que vale. "Memphis Blues Again" e "Visions of Johanna" dois temas-chave.
Abraço
JC
Duplamente de acordo. Going Home, tal como o restante álbum (edição UK) é um estupendo prolongamento da carreira dos Stones nos r'n'blues. Tenho aliás que confessar uma coisa: principalmente a partir da morte de Brian Jones, os Stones nunca mais me soaram à mesma coisa. Creio mesmo que o último disco que tenho deles é o Sticky Fingers.
O Blonde on Blonde é sem qualquer dúvida, também para mim, a obra-prima de Dylan, embora por questões sentimentais tenha um carinho muito especial pelo Highway 61
Um abraço, JC
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