sexta-feira, dezembro 07, 2007

Incontornáveis/1965 (1ª parte)

Se o ano de 64 marcou o arranque da British Invasion, com os Beatles a ocuparem os tops de vendas na América, 1965 foi, não só o da consolidação do ataque dos grandes grupos britânicos ao enorme mercado dos EUA, mas também como que um despertar dos americanos para o que estava a acontecer e a tentarem reagir. Mas a verdade, é que a grande novidade vinda do outro lado do Atlântico foi mesmo a “electrificação” de Dylan, e a sua quase “excomunhão” e expulsão do seio dos fundamentalistas da “Folk music”.
O ano começa com I Feel Fine no 1º lugar de vendas e por lá se manterá mais algum tempo, pelo menos até Georgie Fame aparecer com uma pequena canção que faria época, Yeh, Yeh, e os destronar, para seguidamente ser substituído pelos Moody Blues com Go now
Mas começando com os àlbuns:
Bob Dylan/Bringing it all back home - É esta obra que opera definitivamente a mudança anunciada. E os que auguraram então que Dylan tinha escrito a sua própria sentença de morte, não ouviram o Lp. Este, é uma sequência musical impressionante, já para não mencionar a elevada craveira poética, ao nível do melhor Dylan de sempre. Da explosão de sons e palavras de Subterrranean homesick blues, ao lirismo puro de It’s all over now, baby blue, e passando pelos extraordinários It’s alright, Ma ou Maggie’s Farm, não se consegue detectar fraquezas ou alvitres de moribundo.
The Beatles/Help - Poder-se-ia dizer que Help é a banda sonora do 2º filme dos Beatles. Ou que é o álbum que inclui um dos hinos dos Beatles, Yesterday. Mas qualquer das duas pequenas definições pecariam por injustas, tendo em conta que o Lp inclui canções tão memoráveis como You’ve got to hide your love away, You’re gonna lose that girl ou I need you. Será que na altura se poderia fazer melhor? Eles dariam a resposta uns meses mais tarde.
The Rolling Stones/Out of our heads -Os Rolling Stones seguiam o seu caminho nos r’n’blues, evoluindo na composição embora este álbum ainda tenham pouco peso os originais (curioso será referir que entretanto, os Stones editariam o seu maior êxito de sempre, “Satisfaction”). Mas Heart of Stone era demonstrativo que se estava em presença de uma dupla que prometia, apesar do Lp no seu todo ser, em minha opinião, mais fraco que o anterior. Como apontamento, deste Lp constava “The under assistant West Coast promotion man”, uma das mais desconhecidas canções dos Stones, mas ao mesmo tempo, uma das minhas favoritas.
De referir ainda que este Lp, quando editado nos EUA, é significativamente superior ao de edição inglesa (mesmo a capa é divergente), já que inclui não só Satisfaction e The last time, mas ainda Play with fire, da dupla Nanker/Phelge, tal como o Under Assistant.
The Kinks/Kinda Kinks - O Kinda Kinks é um álbum que define Ray Davies como um dos grandes compositores emergentes no Reino Unido. Com efeito, e exceptuando duas canções, uma delas uma excelente cover de Dancing in the street, de Gaye, são todas elas da autoria do mais velho dos Davies, das quais sobressaem sem dificuldade Wonder where my baby is tonight ou Tired of waiting for you, esta um dos grandes sucessos do grupo.
Them/The Angry Young Them - Um dos grandes acontecimentos do ano é seguramente o lançamento deste Lp que celebrará Van Morrison como uma das grandes vozes do r’n’blues brancos. Tenho que referir que, e até hoje, é um dos meus álbuns favoritos, talvez porque se trate de uma obra simples, sem artifícios, o r’n’blues em estado puro, selvagem por vezes, como sugere o nome com que foi “baptizado” em alguns países: The Angry Young Them.
Quem conseguirá ouvir indiferente canções como Mystic Eyes ou If you and I could be as two? Quem resistirá à aceleração supersónica de Gloria? Notáveis ainda, as versões de Route 66, de Troup, e de Bright Lights, Big City, de Reed.

Singles dos primeiros meses:

- Go now - Moodyblues
- You've lost that lovin' feeling - Righteous Brothers
- Come tomorrow - Manfred Mann
- I can’t explain - The Who
- Tired of waiting for you - The Kinks
- Time is on my side - The Rolling Stones
- Tell her no - The Zombies
- The game of love - Wayne Fontana & the Mindbenders
- Don’t let me be misunderstood - The Animals
- Yes, I will - The Hollies
- Funny how love can be - The Ivy League
- It´s not unusual - Tom Jones
- Come and stay with me - marianne Faithful
- Concrete and clay - Unit 4+2
- Here comes the night - Them
- Catch the Wind - Donovan
- For your love - Yardbirds
- Ticket to ride - The Beatles
- That’s why I’m crying - The Ivy League
- Mr. Tambourine Man - The Byrds
- Poor Man’s son - Rockin’Berries
- King of the road - Roger Miller
- Subterranean Homesick Blues - Bob Dylan
- Anyway, anyhow, anywhere - The Who
- Set me free - The Kinks
- I’m alive - The Hollies
- Long live love - Sandie Shaw
- Satisfaction - The Rolling Stones
- Heart full of soul - The Yardbirds
- Colours - Donovan
- Tossing and turning - Ivy League

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4 Comentários:

Blogger JC diz que...

Pois, "Yesterday" um dos hinos dos Beatles... Isso faz parte do meu contencioso com os ditos: Mixed feelings... O que faz o seu sucesso é essa mesma mistura de rock n' roll e música ligeira, exactamente o mesmo que deles me afasta. O nome da "besta" (salvo seja)é Paul McCartney e a sua carreira subsequente bem o atesta. "Yesterday" é na realidade uma composição de McCartney, o Beatle menos inovador e musicalmente mais conservador. Quanto a mim, embora reconheça a pedrada no charco que foi Sgt. Pepper's, prefiro os 1ºs albuns, normamente mais perto do rock e ainda com covers de originais americanos. Sugiro-lhe um CD chamado "Under the Influence" (Sequel) que condensa 24 originais de covers dos Beatles. Quanto a "Yesterday", prefiro a versão de Marianne Faithfull, ou melhor, acho que o que de facto sempre preferi foi a Marianne Faithfull. Herself!

1:16 da tarde  
Blogger Manu Santos diz que...

Adorei o seu blog!
Um grande estudo pra mim!

Um abraço,
Manu Santos

4:35 da tarde  
Blogger VdeAlmeida diz que...

Também não sou dos entusiastas do Yesterday, mas não tenho dúuvidas em aceitar que se trata de um das mais universais canções dos Beatles.
Também não aprecio por aí além a carreira pós Beatle de McCartney, mas gostava muito dos fab four e nunca os consegui "ver" individualmente, enquanto o grupo existiu. De Rubber Soul ao White Album, do With the Beatles a Revolver, não há um álbum de quue não goste.
Ah! E já agora, a Marianne é então um gosto comum!

6:34 da tarde  
Blogger PAULO BROTHER diz que...

Belo Blog.

Parabéns.

Paulo Valsecchi Barboza - Brasil

6:29 da tarde  

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