Conversões (2) - The Bee Gees
Se houve um grupo gerador de controvérsias originadas pelas inflexões da sua carreira, nomeiem-se os Bee Gees.
Há umas semanas, transcreveu o Luís no seu “Ié-Ié” uma crítica (apologista), feita em seu tempo pelo “Em Órbita” à 1ª canção do grupo que rodou no “prato” do programa em 1967:
Há umas semanas, transcreveu o Luís no seu “Ié-Ié” uma crítica (apologista), feita em seu tempo pelo “Em Órbita” à 1ª canção do grupo que rodou no “prato” do programa em 1967:
“New York Mining Disaster 1941 é uma gravação que sempre nos cativou. O som dos Bee Gees revela uma nostalgia patente nos primeiros tempos da sonoridade beatleniana.
Todavia, convém notar que o som dos Beatles já pertence ao património comum da música popular anglo-saxónica. As influências têm portanto essa porção de legitimidade. Para além disso, há muito para observar nesta gravação e em especial o escrúpulo interpretativo dos seus criadores e o chamatismo da sua parte lírica”….
Bom, claro que os responsáveis do “Em Órbita” não adivinhavam o futuro, nem o futuro teria que influenciar a opinião expressa da altura. Ainda hoje concordo com o que então se disse.
Mas agora, e tendo uma perspectiva completa da carreira da banda, diria que foram só ameaços. Ameaços que duraram uns tempos largos, sim, é verdade, porque a seguir a New York Mining Disaster, ainda surgiram gravações dignas de registo.
Assim, após esse primeiro assalto às charts inglesas, e bem adaptados ao que então se fazia na velha Albion - relembre-se que eles vinham da Austrália, onde residiam há muitos anos - e o seu 1º Lp, intitulado precisamente "1st", reflectia até na capa, o clima psicadélico que então se vivia. Dele faziam parte entre outras, as canções “Holiday” - uma réplica bem denunciada de Yesterday, mas apesar disso, uma bela canção - “To love somebody” ou “I can’t see nobody”. Um Lp bastante equilibrado.
Estava-se em pleno Summer of Love e o single seguinte dos Bee Gees, “Massachusets” iria, com grande pompa, até ao top britânico em Setembro, antecedendo aquele que seria provavelmente a mais consistente obra do grupo, “Horizontal”, que incluiria canções como “Lemons never Forget”, “With the sun in my eyes” ou “World”.
Até 69 o trio (que nos primórdios era um quinteto, mas que acabaria por se resumir aos três irmãos), manteve-se à tona, lançando ainda um Lp razoável “Idea”, mas já cheirava a declínio quando editaram o seguinte, “Odessa”
Chegados aqui, e como primeiro balanço, poder-se-ia dizer que os Bee Gees nunca primaram pela originalidade, mesmo nesta 1ª fase. Se Holiday era uma quase gémea desfasada de Yesterday, Massahusets tinha muito da "San Francisco" cantada por Scott McKenzie. Mas a obra no seu todo, era de nível bastante para que fossem considerados um dos grupos com mais peso em Inglaterra. De certo modo, merecidamente. Como frisavam os editores do Em Órbita no texto "...as influências, têm portanto essa porção de legitimidade"
Depois, é o que está mais presente na memória de todos e que redundaria numa das mais lamentáveis transfigurações da história da música anglo-saxónica, que passou pelo "You should be dancing" do "inestimável" "Children of the world" e teria o seu ponto alto (ou baixo), no inenarrável Spirits Having Flown, e que é resultado de um querer permanecer na ribalta a todo o custo, depois de uma espécie de anos de racionamento.
Não me vou alongar sobre esta fase, nem no que se seguiria, é história relativamente recente, a maior parte conhece-a, e alguns até admirarão aquela resistência dos Bee Gees e a sua capacidade de se adaptar aos novos tempos.
Mas eu nunca fui mesmo grande adepto daqueles trinados a roçar o ridículo. Para mim, os Bee Gees acabaram em 1969. O resto será, quando muito, uma verdadeira “Tragedy”.
P.S. - Uma nota: um dia deixei aqui a chamada de atenção para como os Scissor Sisters parecem os Bee Gees reciclados. É só ouvirem o “Spirits having flown” e vejam lá se não é verdade…
Etiquetas: Bee Gees, Scissor Sisters
4 Comentários:
Assino por baixo. Só mais uma nota para chamar a atenção para uma versão algo esquecida de "To Love Somebody", a de P. P. Arnold. Vale a pena, pois tem menos tremidos e um "aproach" mais "soul". Também vale a pena revisitar a de Janis Joplin, no album "I Got Dem Ol Kozmic Blues Again Mama!". Há uma de Nina Simone mas acho não tenho e, se calhar, nunca ouvi.
Abraço
Gosto muito da P.P. Arnold. Infelizmente por cá - afinal como tantos outros notáveis - nada se ouviu falar dela.
Também não conheço a da Nina Simone
Abraço
Não faltam as versões do citado "To Love Somebody". Até há um dos Popo Five Music Incorporated! Depois, Flying Burrito Bothers, Lightning Seegs, Gallon Drunk, Gary Pucket and the Union Gap, Paul Revere ans the Raiders, para não falar de Rod Stewart, Lulu, Michael Bolton...
LT
Verdade, Luís
Foi uma das boas canções dos Bee Gees, das mais atractivas para o público, daí o tão elevado número de versões
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