segunda-feira, outubro 22, 2007

Reanimação

Recentemente, abri diálogo com um blog relativamente recente, o Ié-Ié, da autoria de um contemporâneo meu.
Tenho que confessar que sempre tive muito pouco apreço por esta designação - que me perdoe o Luis, autor do referido blog - com que a sociedade em geral, e alguns jornalistas e radialistas em particular, se referiam à geração 60, que tinha muito mais em si do que aquilo que se queria fazer passar. A designação tinha tanto de paternalista como de depreciativo. Pretendia-se com ela dar a entender, estar-se perante uma geração que só gostava de ouvir música, geralmente barulhenta, de uns tipos de cabelo comprido, em que o refrão yeah, yeah, era repetido á exaustão, e pouco mais.
Claro que era mais fácil - e até convinha - esquecer que as “mensagens” transmitidas tinham muito mais conteúdo que isso, que a “beat-generation” - desta gosto - tinha como gurus, homens como Woody Guthrie, que tocava uma viola que dizia “This machine kills fascists”, ou Jack Kerouack, autor da “bíblia” “On the Road”. Que Dylan cantava “Masters of war”, e Donovan, “Universal Soldier”, e que em nenhuma delas constava o infame refrão.
Mas a possível urticária que a designação me possa causar, é largamente suplantada pelo prazer que dá revisitar certas situações e factos, umas há muito esquecidas, outras simplesmente arrumadas num cantinho sossegado da memória.
Foi este saldo positivo entre o deve e haver, que me deu a vontade necessária para reanimar este blog, que muito estimo, apesar do aparente esquecimento a que ultimamente o votei.
Portanto, um bem haja ao Luís, que me tentou a ressuscitar a caixinha da música.

1 Comentários:

Blogger ié-ié diz que...

Caro Yardbird:

Agradeço a referência, mas eu é que me sinto recompensado. A revitalização do seu blog é, para mim, um motivo de orgulho. A minha ideia original foi sempre a de pôr as pessoas a falar daquela época, na primeira pessoa.

Tenho pena de (ainda) ser um aprendiz nestas coisas da blogoesfera e de não dominar as ferramentas disponíveis.

Também eu não sou fã da expressão ié-ié, exactamente pelas mesmas razões.

Só que considerei que ao adoptá-la - para o bem e para o mal - poderia chamar a atenção das pessoas da época. Tão só isso. A assumpção da expressão não significa necessariamente concordância.

Muito obrigado!

Luís

9:56 da tarde  

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