Incontornáveis/1963
Penso não conhecer ninguém que se interesse por música, a quem não tenha sido solicitada uma ou outra vez para que elaborasse a sua lista de álbuns - ou mesmo das músicas - da sua vida. E essa, para mim, é uma tarefa árdua, mas à qual nunca resisto a corresponder. O curioso é que não me lembro de dar duas listas iguais, embora também nunca haja diferenças muito significativas.
Helen Shapiro - Queen for tonight
Estas alterações devem-se a duas ordens de factores: o 1º corresponde a uma natural flutuação do humor, por exemplo, há dias em que prefiro o Pet Sounds ao Blonde on Blonde, e lá surgem a seguir ao White Album, sendo que no dia seguinte, podem perfeitamente inverter posições. A 2ª razão prende-se com a própria dinâmica destas listas, e de por vezes, ainda surgirem coisas que me surpreendem. Por exemplo: se tivesse hoje que elaborar uma dessas listas, há dois álbuns dos últimos 12 anos que teriam lugar garantido: “Grace”, de Jeff Buckley, e “O”, de Damien Rice, o que quer dizer que essa lista seria substancialmente diferente de outra feita há 13 anos.
Mas desta não me proponho fazer qualquer lista. O que se passa é que poderão aqui passar alguns jovens - ando numa fase optimista, está visto - que até poderão ter a paciência de ler os meus textos, mas que, dado não terem vivido a época, acabarem por ter dificuldade em os enquadrar, tanto mais que reconheço alguma anarquia nos temas que abordo, saltando de um assunto para outro, sem preocupação de lhe dar qualquer sequência lógica.
Por isso, decidi-me a elaborar, faseadamente, uma análise aos álbuns (e algumas músicas) que “fizeram” a década em que mais incidem os textos, a dos anos 60. Para facilitar, deixei de fora os álbuns da grande música negra, dos blues aos grandes nomes da Motown e da Atlantic (farei uma ligeira batota, mas justificarei na altura), que poderei abordar mais tarde.
Começando pelo princípio, e porque me comecei a interessar pela música anglo-americana em 1962, diria que nesse início de década, o panorama próprio em Inglaterra, que é o que agora vem ao caso, não era muito animador, com um domínio dos tops por parte dos americanos mais conhecidos e suficientemente enfadonhos para não me entusiasmar, como Frank Ifield, Adam Faith ou Elvis Presley (este, por vezes bastante audível, perdoem-se-lhe algumas abencerragens) e ingleses, como Cliff Richard e os Shadows, ou Billy Fury, que permaneciam nos tops muitas semanas seguidas. Como já referi, os singles imperavam, e os longa duração eram, na maior parte das vezes colectâneas que compilavam os vários singles editados por determinado grupo ou cantor.
Uma das vozes que mais me impressionaram à altura, foi a de uma londrina de 14 anos chamada Helen Shapiro, que foi a verdadeira rainha da pop londrina, pelo menos por dois anos.
Em Julho desse ano, Brian Jones e Mick Jagger reuniam o primeiro alinhamento dos Rolling Stones, dos quais, além dos próprios e de Keith Richards, faziam parte Dick Taylor (futuro The Pretty Things) e outros que não fizeram história, e estreiam-se no Marquee Club. Bill Wyman e Charlie Watts chegariam mais tarde. (Será curioso referir que por essa altura, Jagger fazia questão de frisar que os Stones eram uma banda de r&b e não de r’n’roll, quando uns anos depois a banda se auto proclamou como a maior banda de r’n’roll do mundo)
No mês seguinte, os Beatles “despedem” Pete Best, e Ringo Starr toma o seu lugar. Em Outubro gravam “Love me do/PS I love you“, para a Parlophone.
Portanto, é sob bons auspícios que abre 1963, que se confirmam com a gravação ainda nos primeiros dias de Janeiro, de Please, Please Me/Ask me Why pelos Beatles, considerado pelo New Musical Express, o “disco do ano”.
Os Lp’s relevantes durante esse ano serão poucos.
No mês seguinte, os Beatles “despedem” Pete Best, e Ringo Starr toma o seu lugar. Em Outubro gravam “Love me do/PS I love you“, para a Parlophone.
Portanto, é sob bons auspícios que abre 1963, que se confirmam com a gravação ainda nos primeiros dias de Janeiro, de Please, Please Me/Ask me Why pelos Beatles, considerado pelo New Musical Express, o “disco do ano”.
Os Lp’s relevantes durante esse ano serão poucos.
- Please, Please Me - The Beatles
- The Freewheelin’ Bob Dylan
- With the Beatles
- Little Deuce Coupe - The Beach Boys
Singles do ano:
- Queen for tonight - Helen Shapiro
- Walk right in - The Rooftop Singers
- From me to you - The Beatles
- I Like it - Gerry and the Pacemakers
- Sweets for my Sweet - The Searchers
- Twist and Shout - The Beatles
- I’m telling you now - Freddie and The Dreamers
- She Loves you - The Beatles
- Do you love me - Brian Poole and the Tremeloes
- You’ll never walk alone - Gerry and the Pacemakers
- Sugar and Spice - The Searchers
- I wanna be your man - The Rolling Stones
- Glad all over - Dave Clarck Five
- I want to hold your hand - The Beatles
- Hippy, hippy shake - Swinging Blue Jeans
O ano seguinte seria, esse sim, o do grande boom da “Invasão Britânica”.
Etiquetas: 1963
2 Comentários:
Talvez discorde apenas do "Little Deuce Coupe", já que sou um pouco crítico da fase "beach parties" dos BB. Como surf music havia mtº melhor, principalmente Dick Dale and the Deltones e toda a surf music instrumental. Mas tb, assim de repente e sem pesquisa, não sei o que lá poria.
Quanto aos singles, você está a esquecer-se um pouco dos USA e tem nesse ano temas das Ronettes, Chiffons e Crystals que por lá ficariam bem.
abraço
JC
Meu caro JC
É verdade que omiti alguns americanos, mas a verdade é que na altura não tinha grande contacto com os grupos vocais femininos dos USA e nem tenho muita coisa desse género, um hiato que conto remediar em breve
abraço
yard
Enviar um comentário
<< Home