terça-feira, dezembro 25, 2007

Incontornáveis/1965 (2ª parte)

Highway 61 Revisited - Bob Dylan - Se havia dúvidas quanto ao papel fundamental que Dylan teria na nova música norte-americana, Hihgway 61, dissipou-as definitivamente.
Com "Like a rolling stone", Dylan tinha já acabado com o mito de que as canções para terem êxito, não deveriam exceder os 3 minutos. Em Highway, onde “reincidiu” no pecado, foi mais além, e atreveu-se a gravar uma faixa com mais de 18 minutos, "Desolation Row". Mas ali, nada estava a mais. As músicas de Dylan pareciam sempre ter a dimensão exacta. Mas para além de tudo o mais, o álbum é a confirmação do Dylan definitivamente “electrificado”, para o que contou com a colaboração do notável Michael Bloomfield. Uma nota final para referir que nele se inclui uma das minhas canções preferidas de Dylan, “Ballad of a thin man”.
Rubber Soul - The Beatles - O segundo Lp de 65 dos quatro de Liverpool é considerado por muitos, o seu melhor. Não chegando a tanto - já expliquei da minha dificuldade em fazer tal eleição, face á tão elevada qualidade de todos eles - direi que é sem dúvida uma obra maior. George Harrison começa a “aparecer” com assiduidade, novos sons são utilizados, como a cítara em Norwegian Wood, e finalmente as linhas criativas de Lennon e MacCartney começam a distinguir-se, embora a obra continue a manter-se homogénea. De Girl a Michelle, de Nowhere Man a If I needed someone, não há que enganar, estamos em presença de uns Beatles mais pujantes de criatividade que nunca, e não só no plano harmónico: também as líricas passavam a ser mais elaboradas, por vezes até ambíguas. Até a capa, muito cuidada graficamente, dá a dimensão do profissionalismo, do cuidado com os detalhes que era patente em cada obra dos Fab Four.
Mr. Tambourine Man - The Byrds - Do outro lado do Atlântico, surgiam novos ventos, estes muito influenciados por Dylan e Beatles.
Os Byrds são o grande grupo do novo folk-rock que fazia então a sua aparição e se apresentava com dimensão suficiente para fazer face à onda britânica que varria os Estados Unidos. Mr. Tambourine Man é um dos melhores álbuns de estreia de todos os tempos, de um grupo de música popular. A conjugação do folk e do rock é perfeita, a viola de 12 cordas de Roger McGuinn um sinal distintivo, e quem atentar bem, pode verificar que laivos de psicadelismo já transpareciam desta obra.
Depois…bem, depois, muitas vezes os Beatles se inspirariam na sonoridade dos Byrds.
My Generation - The Who - De entre a miríade de grupos britânicos que despontavam à altura, os Who, ex-High Numbers, foram, fora de dúvida, dos mais importantes. Se havia um grupo com o qual a juventude londrina se identificava, era sem dúvida com os The Who, pela sua postura, pela evidência da sua rebeldia em palco. Neste Lp de 65, que incluía os seus dois 1ºs grandes hits, "I´can’t explain" e "My Generation", era o espelho da energia dos 4 jovens músicos e ainda mais, a evidência de que um novo grande criador, Townshend, despontava na cena musical britânica.
For Your Love - Yardbirds - Este álbum dos Yardbirds, além da evidente qualidade musical, tem a curiosidade de ter sido publicado quando o solista era já Jeff Beck, mas cujos temas tinham sido, na sua maioria, gravados quando ainda Clapton fazia parte do grupo. Eric, então um fundamentalista dos blues, não aceitou as concessões feitas em "For Your Love" (ai! aquela harpa eléctrica de Brian Auger…) e partiu, o que não impediu os Yardbirds de cumprirem um percurso tão notável, que acabaria por desembocar nos Led Zeppelin. Uma nota final para acrescentar que a canção que dá nome ao álbum, ainda é por muitos críticos musicais, considerada a primeira música psicadélica de sempre.
Take it easy with - The Walker Brothers - Apesar do prazo de duração dos Walker Brothers ter sido curto, é indiscutível a marca que deixaram na cena musical londrina, firmada muito principalmente no conjunto de vozes excepcional, muito á semelhança dos Righteous Brothers, do qual sobressaía sem esforço a de Scott Walker, que para além da potência vocal que patenteava, era um excepcional performer e exigentíssimo profissional no que dizia respeito a reportório (facto que, de alguma maneira, lhe tem limitado a carreira). Este Lp era bem demonstrativo de todas as faculdades que lhe aponto. O album abre logo com uma das mais inspiradas (e difíceis) canções de Bacharach, “Make it easy on yourself”, e prossegue numa catadupa de belíssimas baladas, todas de gosto apurado e excepcionalmente vocalizadas por Scott.. De destacar ainda a sua versatilidade, demonstrada, por exemplo, na sua versão de "Land of 1000 dances", de Domino, ou da universal "Dancing in the Street". Um registo assinalável e imperdível.
Kinks-Size - The Kinks - Por meados de 65, os Kinks era um grupo de créditos firmados, uma garantia de êxito em cada lançamento. Juntamente com os Beatles e Rolling Stones, embora em patamar ligeiramente abaixo, eram dos grandes dominadores das charts. Neste registo, incluíam-se dois dos seus maiores êxitos, "Tired of waiting for you" e "All day, and all of the night", ambas pontuadas pela inimitável guitarra de Dave Davies, até então a imagem de marca do grupo. Mas incluía também clássicos dos r’n’blues, além de uma excelente versão de "Louie, Louie" de Berry, na minha opinião a melhor das que ouvi, e foram muitas, além do extraordinário "Revenge", um instrumental que se tornaria genérico do mítico Em Órbita.
Era pois, um Lp de grande qualidade que augurava uma grande carreira aos Kinks nos dois lados do Atlântico. Contudo, e por motivos ainda hoje desconhecidos, no final do ano, o grupo seria banido dos EUA e proibidos de voltar durante alguns anos, facto que constituiu rude golpe nas suas aspirações, uma vez que ficavam privados de um enorme mercado. Mas como a moeda tem sempre dois lados, este acontecimento determinou uma mudança quase radical na vertente criativa do líder do grupo, Ray Davies, que se tornaria mais introspectivo e socialmente um crítico certeiro, inspirado e mordaz.
The Pretty Things - Os r’n’blues ingleses no estado puro! Era o que se poderia dizer para resumir o “sumo” deste Lp completamente anárquico. Os Pretty Things empunhavam os instrumentos, “atiravam” as vozes de forma quase selvagem, o que dava uma imagem muito concreta da sua postura, fosse no palco ou no estúdio. Quem ouvir as faixas "Rosalynn", "Roadrunner" ou "Hey Mama, keep your big mouth shut", apercebe-se de imediato da energia que transpirava do grupo. Era como que ouvir uns Rolling Stones enfurecidos. É verdade que esta postura lhes trouxe muitos dissabores, por vezes mesmo, violentas refregas durante os concertos, mas ao mesmo tempo, levou-nos por terrenos que nenhum outro grupo ousou pisar.
This is - The Ivy League - Vocalmente, os Ivy League, muito dentro da tradição das harmonizações norte-americanas de Franki Valli e os FourSeasons, eram do melhor que a Grã-Bretanha tinha para oferecer. Como já aqui referi, em pouco tempo, os Ivy League tiveram uma sucessão de grandes êxitos. Lamentavelmente, embora muito talentoso, este trio mostrou ser altamente instável, do que resultou a sua curta carreira. Ainda tentaram a sua reconversão com uma mudança de nome, Flowerpot Men, que conseguiu um grande sucesso de vendas com a canção "Let’s go to San Francisco", navegando a onda psicadélica e o Summer of Love, mas ficar-se-iam por aí.
Este Lp, que incluía os seus sucessos maiores, "Tossing and turning" ou "Funny how love can be", é extremamente difícil de encontrar. Felizmente, há poucos anos, a Sequel lançou um duplo cd intitulado Major League, que compilava praticamente toda a discografia do grupo.

Singles de 65

I’m alive - Hollies
You’ve got your troubles - Fortunes
We’ve gotta a get out of this place - Animals
Cry to me - Pretty Things
Catch us if you can - Dave Clarck Five
Everyone’s gone to the moon - Jonathan King

See my friend - Kinks
All I really wanna do - Byrds
I got you, babe - Sonny and Cher
Watcha gonna do 1bout it - Small Faces
Make it easuy on yourself - Walker Brothers
Satisfaction - Rolling Stones
Any day now - Alan Price Set
My generation - Who
Universal Soldier - Donovan
If you gotta go, go now - Manfred Mann
Hang on sloopy - McCoys

Evil hearted you - Yardbirds
That means a lot - P.J. Proby
Eve of Destruction - Barry McGuire
It’s good newsweek - Hedgehoppers Anonymous
Get Off of my cloud - Rolling Stones
It’s my life - Animals
Love is strange - Everly Brothers
Turquoise - Donovan
A well respected man - Kinks
Yesterday - Marianne Faithful
Till the end of the day - Kinks
Midnight hour - Wilson Pickett
Mystic Eyes - Them
Maria - P.J. Proby
Keep on running - Spencer Davis Group
Rescue Me - Fontella Bass
Day Tripper - Beatles
A lover’s concert - Toys
Groovy kind of love - Mindbenders
My ship is coming in - Walker Brothers

3 Comentários:

Blogger JC diz que...

Para que não fiquem dúvidas: o Berry autor de "Louie, Louie" é um tal Richard Berry e não Chuck Berry.
Abraço e um Bom Ano.
JC

6:12 da tarde  
Blogger VdeAlmeida diz que...

E foi a sua coroa de glória. Embora só tenha gozado dos direitos de autor - e a canção, ao que parece, teve mais de 1.000 versões - após umas boas dezenas de anos
Abraço e um Ano Novo daqueles, JC

9:19 da tarde  
Blogger Abrenúncio diz que...

Até que enfim que encontro um blog em condições sobre MÚSICA!
Hei-de cá voltar de certeza, isto se a ASAE não o mandar fechar.
Saudações do Marreta.

9:31 da tarde  

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