Musicas da vida II
Nos anos 60, como já referi, os singles tinham um peso diferente, e a carreira dos interpretes estava mais dependente do impacto de canções que na consistência dos álbuns. O salto foi dado precisamente a meio da década, com a edição de álbuns como Revolver, dos Beatles, ou Aftermath, dos Rolling Stones.
(Vejam-se as vendas de álbuns que, embora de importância muito semelhante visto que estabeleceram recordes de vendas, tiveram em diferentes épocas: Bob Dylan, Blonde on Blonde (1966): 2.000.000 de cópias; Pink Floyd, The Wall(1979): 23.000.000 de cópias.)
Quero eu dizer que, se agora digo que o álbum x é excelente porque avalio a obra por inteiro, na altura analisava mais esta ou aquela canção. O Em Órbita, o programa de rádio referência de uma geração, elegia uma listagem anual de singles e não de Lp’s. Assim, e dada a grande quantidade de canções que marcaram a época, vou deixar só nota daquelas que ficaram como marcos.
E se já aqui falei de Satisfaction, dos Stones, de A Whiter shade of Pale, dos Procol Harum, Eleanor Rigby, dosBeatles, ou Like a rolling stone, de Dylan, não me vou repetir e passo por cima, referindo, por exemplo, o génio atormentado de Brian Wilson que em 1966 traz á luz uma das grandes músicas da década e de sempre, Good Vibrations. A música era resultado de 9 meses de trabalho, e a complexidade das harmonias vocais, aliado à inovação e á intrincada malha instrumental, explicava o porquê de tanto tempo de gestação.
Um ano antes fora editada aquela que é considerada pelos críticos musicais, uma das mais poderosas canções pop de todos os tempos, You’ve lost that loving feeling, dos Righteous Brothers, duo que por cá nunca teve grande popularidade, a não ser por uma musiquinha delicodoce intitulada Unchained Melody. Mas You’ve lost...é uma canção inolvidável
Mais tarde na década, surge um grupo que apesar da curta existência, marcou para sempre o panorama musical anglo-americano e uma parte significativa da juventude de então (e não só, ainda é referência para muitos jovens), que se revia na figura do seu líder: os Doors e Jim Morrison. A canção que os lança definitivamente no trilho da fama, Light my fire, é bem o reflexo da personalidade provocadora e sensual de Jim, crítico feroz da hipócrita moralidade vigente na sociedade norte-americana.
No ocaso da década de ouro, e não abdicando da sua perspectiva crítica, o super-grupo Crosby, Stills and Nash demonstram o seu virtuosismo lírico e instrumental, num fabuloso Suite: Judy blue eyes, dedicado à quebra-corações Judy Collins, e cuja harmonia vocal e melódica sobe até à perfeição.
Entretanto, de uma outra América, mais rural e selvagem, a mesma de “Born to be wild” dos Steppenwolf e de que aqui já falei, surgiria um grupo familiar, os Creedence Clearwater Revival, que com a sua Proud Mary, abririam definitivamente as portas da fama a um country-rock até então ainda muito delimitado nas suas fronteiras.
Seria injusto passar por cima da grande música negra da década. Principalmente porque o génio de Otis Reddingdeixou, no meio de uma obra imensa e intensa, essa pérola chamada Sitting in the dock of the bay.
Mas se desse já falei, falta referir uma super-canção, cantada, gritada, chorada, pela então jovem e pujanteTina Turner elevada aos píncaros da paixão, e acompanhada pelo ainda seu marido e mentor, Ike, e que nunca poderia passar em branco numa lista deste género: “River deep. mountain high”
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