O gosto dos outros
É sempre curioso ver expostas por aqui as listas anuais de álbuns. Quando encontro em listas alheias discos que não cheguei a ouvir, raramente resisto a uma audição, confiando sempre que se alguém que gosta de música o elegeu, é porque deve merecer atenção. Isto, apesar da diversidade de gostos. E posso dizer que se já houve muita coisa que foi de certo modo uma desilusão, também “descobri” pérolas que guardo ciosamente
Mas ainda mais curiosas são as listas feitas pelas revistas da especialidade – geralmente anglófonas – dos álbuns “de sempre”, segundo a votação dos leitores.
A Q procede a uma votação pública amiúde, não sei se anualmente, a Rolling Stone também, e a Mojo, outra referência neste campo musical, procedeu de igual modo, embora o tenha feito baseado segundo a opinião de críticos musicais e não do público
A Karla S divulga aqui a listagem da revista Q deste mês (que ainda cá não chegou), com a última votação do seus leitores
Há surpresas? Há sempre. Por exemplo: não é curioso que um álbum do Eminem figurasse na listagem de há dois anos da mesma revista em 5º lugar, e agora seja ignorado? E o mesmo com o Is this it, dos Strokes, que é varrido do 9º lugar? Até porque no restante, as coisas mantêm-se com muito poucas alterações.
Mas o que é mais estranho nestas coisas, é que embora a obra dos Beatles mantenha alguma visibilidade, parece que o tempo apaga definitivamente das memórias figuras primordiais da música popular.
Onde para a obra-prima de Marvin Gaye, “What’s going on?” ? Onde Electric Ladyland ou Are you experienced, de Hendrix? E qualquer dos albums dos Doors? Morreu definitivamente a memória de Jim Morrison? E Dylan e os seus imortais (para poucos, pelos vistos) “Highway 61 Revisited” e “Blonde on Blonde”?
Claro que se sabe que grande parte dos votantes são jovens para quem Hendrix ou Morrison, se calhar, nunca existiram. Mas é pena, porque penso que o legado desses músicos é de tal forma enriquecedor que não devia ser deixado cair no esquecimento.
Claro que me podem dizer que os gostos mudam ou evoluem. Mas não creio que quem goste de música possa não gostar de ouvir esta música:
Já agora, e a título de curiosidade, deixo aqui uma listagem que a Mojo editou em 1995, segundo a votação de 75 críticos musicais
Há algumas diferenças, não há? Claro que depois disto, já saíram álbuns que mereciam entrar para estes 20 primeiros. Mas tantos?
Uma nota para fazer referência a uma “preocupação” do Ricardo C. do mesmo blog: também a mim me surpreende a irrelevância a que tem sido remetido sistematicamente “Secrets of the Beehive”, tal como ele refere, um dos grandes álbuns dos anos 80, e que eu reforçaria dizendo que é um dos grandes álbuns de sempre.
Fico a pensar se não teremos sido só nós a reparar no raio do disco!
Como canta o Jimi:
“Excuse me, while I kiss the sky”
Nota:- Já agora, não seria curioso tentarmos definir os nossos 20 ou 25 álbuns de sempre? Depois, sempre podíamos ver as diferenças.
2 Comentários:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Desculpem, este comentário era para o post seguinte...
Enviar um comentário
<< Home