The London Howlin' Wolf Sessions, ou O respeito é sempre bonito
Na música, como afinal em tudo, a arrogância não paga. Ao invés, é a humildade em dose certa que permite manter a mente aberta ao conhecimento.
Vem isto a propósito da última estadia de Howlin’ Wolf em Londres, em 1970 . Nessa deslocação, o grande bluesman, um dos maiores da sua geração e infelizmente pouco divulgado por cá, encontrou-se por iniciativa da sua editora, a Chess, com alguns dos maiores músicos ingleses da altura: Charlie Watts e Bill Wyman dos Stones, Eric Clapton e Stevie Winwood. Os Stones atravessavam então uma fase de grande fulgor (na minha opinião, a última depois da trágica morte de Brian Jones em Julho do ano anterior), Stevie Winwood vinha de uma efémera experiência nos Blind Faith com Ginger Baker e Eric Clapton, e estava de volta à companhia de Jim Capaldi e Rick Grech nos magníficos Traffic. Mas sobretudo Eric Clapton, na sua fase “Layla”, ainda reconhecia em muitas ruas de Londres os graffitis que diziam que “Clapton is god” e ainda envolvido no seu projecto, Derek and the Dominos, preparava-se para, de uma vez, enveredar pela carreira a solo.
Todos eles, portanto, no auge das suas carreiras, embora haja quem afirme que Clapton nunca seria o mesmo depois da separação dos Cream.
Desta reunião saiu um álbum notável. Wolf era uma força da natureza, daqueles músicos que conseguia “to rock the house” e estava ciente do seu valor, embora a sua carreira tenha sido algo irregular, e na altura a saúde já fosse precária.
Mas o mais curioso deste álbum é a conversa que a meio se estabelece entre o próprio e Clapton e os outros, a propósito de um clássico dos blues, Little Red Rooster, e mais curioso ainda a forma como Clapton, não deixando de emitir a sua opinião, pede indicações ao “mestre” com a humildade de quem sabe que nunca se sabe tudo, dizendo-lhe para tocar ele, que eles o seguiriam.
Hoje, deixo-vos esse momento, e também a sequência, a música tocada por todos, sob a batuta de Howlin’. Claro que a guitarra de Clapton e o piano de Winwood são absolutamente inconfundíveis.
Banda sonora: Howlin’ Wolf, com Clapton, Stevie Winwood, Charlie Watts e Bill Wyman – The London Sessions:
Conversa
Little Red Rooster
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