quarta-feira, julho 27, 2005

Josh Rouse, ou o gosto por canções simples


Gosto de canções simples. Penso que uma canção pop é isso mesmo, uma canção simples. E essa simplicidade não implica que não se lhes exija qualidade. É claro que aqui está subjacente um critério de apreciação que é só meu
Habituei-me a ouvi-las há muito, quando a melodia escorria do som limpo da guitarra dos Searchers ou da voz de falseto de Frankie Valli, do piano de Georgie Fame ou da voz aparentemente frágil de Rod Argent.
Ouço quase todo o tipo de música. Há muito tempo que evito música heavy, embora abra sempre uma excepção para os Led, e nunca ouço rap. De discoteca, também ouço raramente, mas sinto saudades dos Propellerheads, e não sei se os LCD Soundsystem se enquadram na definição.
Gosto de Cohen, de David Sylvian, e de muitos catalogados como independentes. Mas o que eu evito mesmo, é ouvir alguns autores depressivos, em demasia. Passo um dia inteiro com Van Morrison, John Lee Hooker ou Ryan Adams, mas nunca ouço mais que 2 músicas do Elliot Smith. Gosto, mas fico por aí. Detesto que a música me condicione negativamente o dia. Não tenho pachorra para andar a carpir mágoas ou a curtir depressões, quanto mais deprimir-me por causa alheia.
Gosto de canções pop e ouço com frequência. E passo à frente quando leio críticas preconceituosas de alguns críticos, nacionais ou estrangeiros.

Ultimamente tenho ouvido muito Josh Rouse. As suas líricas são excelentes, embora por vezes algo tristes, especialmente as dos seus dois primeiros álbuns, mas primordial é a música, suave mas bem balanceada, com influências inegáveis de Nick Drake, James Taylor e Carole King (aliás, o nome do seu penúltimo álbum, “1972” é uma referência à cantora norte-americana, autora da obra-prima, “Tapestry”). Tudo servido por uma voz gentil e bem modulada.
As suas raízes são “nashvillianas”, e embora sempre presentes, marcam posição reforçada no seu último trabalho, sintomaticamente intitulado Nashville, uma brilhante colecção de pequenas canções, todas elas verdadeiras pérolas de sensibilidade e requintado gosto musical, um rock-pop de uma simplicidade quase cândida, deixando-se muita vez embalar na nostalgia, sem nunca se deixar cair na lamechice.
Notável é verificar que a sua obra tem vindo em crescendo, o que me deixa sempre com uma curiosidade redobrada sobre o que virá a seguir.
Aconselho vivamente.

rousejoshjoshrousenashville



Banda Sonora :
Josh Rouse: Sad eyes, do álbum Nashville

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