1967 - O Verão do Amor
O de 1967 foi um Verão escaldante em muitos aspectos, mais nomeadamente, e é isso que aqui importa referir, a nível musical.
Por cá, estava-se em consonância, atrasada como sempre, mas ainda assim, com o que soprava lá de fora. Os Porfírios iam de vento em popa (aproveito para esclarecer que nunca fui cliente) com as suas camisas floridas e as calças boca-de-sino, e os bailes, da Academia de Santo Amaro aos Combatentes, da IncrívelAlmadense à Voz do Operário, passando por todas as boites da moda, dançavam ao som dos Troggs e de Dave Dee, dos Kinks e dos Stones.
Mas emergiam então vários nomes notáveis. Aretha Franklin, ainda há pouco tempo considerada pela conceituada revista Mojo, a maior vocalista de todos os tempos, gravava um espectacular “Respect”, que toma de assalto todas as charts:
Seria nesse Verão que sairia o primeiro album conceptual psicadélico, “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles, ainda hoje considerado por muitos a obra mais completa de sempre da música popular anglo-americana (mas sobre isso darei destaque um dia destes, dada a sua importância), e seria também então que emergiria de um semi-anonimato, aquele que ainda hoje é talvez o maior mito da guitarra de todos os tempos, Jimi Hendrix.
Chas Chandler,baixista dos Animals e produtor musical, descobrira-o quando era o frontman de um grupo chamado Jimmy James & the Blue Flames, e depois de audições em que tocou com Noel Redding e Mitch Mitchell, que levaram a que gravasse o seu primeiro grande hit, “Hey Joe”, no início do ano. Mas seria no lendário Monterey Pop Festival, de cujo cartaz faziam parte, entre outros, os Jefferson Airplane, os Who, Janis Joplin ou Otis Redding, que o virtuoso se tornou mito, e personagem do imaginário de toda uma geração, após a execução de uma orgasmática versão do “Wild Thing”, dos Troggs, que acabou com o lendário guitarrista a pegar fogo à sua guitarra
Como se tal fosse pouco, o Festival de Monterey assinalou o início de um Verão mítico em que a força criadora das bandas da West Coast explodiria definitivamente, e todos os caminhos iam dar a San Francisco, onde o movimento hippie, então já ultrapassada a sua fase embrionária, tinha a sua explosão definitiva. Era o tempo dos Airplane e dos Mamas and Papas, de Freak Out, de Frank Zappa e dos Mothers of Invention, e de Light my fire, dos Doors.
Era, em Inglaterra, tempo dos Procol Harum com o seu hino, Whiter Shade of Pale.
Era, enfim, o ano em que toda a gente queria ler Kerouac, o tempo de promessas de um Verão de amor, e início de uma era de paz, da vida em comunidade, de contestação a todas as guerras. Era o sonho da Flower Power
Infelizmente, o sonho durou poucos anos, e deixou marcas, nem sempre as melhores, e que ainda hoje persistem. And you know what I mean
Era para ter começado ontem esta minha viagem pelo Verão de 1967, mas o servidor da netcabo frustrou-me as intenções, e não fazia sentido escrever algo sem inserir música a condizer. Inicia-se hoje, portanto, o ciclo.
Foram muitas as músicas que o fizeram, e farei o possível por ir aqui pondo algumas delas, renovando-as sempre que possa. Hoje, ficam as duas aí em cima, que fizeram história nesse mítico ano, e deixo mais a que está a seguir, e que foi, sem dúvida, o grande hino da geração hippie, pelo menos durante esse ano, especialmente dedicada à Jacky e à TrintaPermanente, que gostam de usar flores no cabelo
Scott McKenzie - San Francisco (be sure to wear some flowers in your hair)
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