terça-feira, setembro 13, 2005

Canções...diferentes II - P. J. Proby

Justificadamente, o nome de P. J. Proby, em Inglaterra, está ligado a uma certa maneira excêntrica de ser e estar.
Provavelmente, ninguém por cá o conhece, a não ser meia dúzia de pessoas que ainda se lembra de o ouvir no “Em Órbita”. Aí, sempre foi uma espécie de nota de bizarria nas emissões, e os habituais ouvintes esperavam – sentimento transmitido pelo locutor habitual – com alguma curiosidade cada seu novo trabalho.
P.J. nasceu nos Estados Unidos, e curiosamente, fez, tal como os Walker Brothers e Jimi Hendrix (este, mais tarde), o percurso inverso da British Invasion, na busca do reconhecimento que não conseguiam nos Estados Unidos. Companhia privilegiada, portanto.

Era um intérprete de talento, com uma voz fora do comum, que abarcava todas as notas da escala, da mais grave à mais estridente. Podia cantar como Elvis ou Gene Pitney, boogie-woogie, rockabilly ou soul. Era versátil, embora por vezes, exuberante de mais
E se o talento não chegou para o levar aos tops, teve a ajuda do acaso e dessa sua faceta exuberante que se estendia também ao modo como se apresentava em cena: usava uns sapatos negros de fivela centrada, uma camisa de mangas tufadas, tinha uma enorme cabeleira negra, apanhada em rabo-de-cavalo por um laço de veludo negro, tecido de que eram também as calças, justíssimas. Quem assistia aos seus espectáculos pensaria estar na presença de Barry Lyndon, himself.
Foram as calças as responsáveis pelo boom de P.J. Numa noite em que os movimentos em palco foram mais amplos que o habitual, as ditas rasgaram-se no sítio menos conveniente (para ele, terá sido muito positivo), e o escândalo provocado deitou-o para as primeiras páginas dos jornais.
P.J. sabia que a sorte raramente bate duas vezes à porta, e aproveitou a onda. E era certo e sabido que, em cada novo espectáculo, a partir daí sempre esgotado, as calças de Proby, costuradas cirurgicamente, iriam rebentar precisamente no mesmo sítio. E assim se foi P.J. projectando, algumas vezes com algumas bizarrias, mas já se sabe, quando se cai em graça, quase tudo é desculpado.
Infelizmente para ele, a sua exuberância estendia-se à sua vida particular, e os seus ganhos eram sempre irracionalmente excedidos pelos seus gostos sumptuosos, e por duas vezes foi obrigado a declarar bancarrota.
Há poucos anos, com algum sucesso, tentou lançar a sua carreira pela terceira vez. Descobri-lhe até um site, que visito regularmente. Desejo sempre, quando me refiro a estas figuras que fazem parte do meu imaginário e a quem devo tão boas recordações, que tenham boa sorte.
Para mais, de P.J. recordo grandes versões de Somewhere e Maria, do West Side Story, de I Apologize, uma outra excentricidade em que a sua voz inicia a canção na zona mais grave da escala, para a terminar num falseto capaz de partir todos os vidros, e outras mais ligeiras, que fazem parte da minha discoteca e das quais não abdico de ouvir de vez em quando.

Poster PJ


Banda Sonora : Rockin’ Pneumonia and the Boogie Woogie FluP. J. Proby,

1 Comentários:

Blogger IGirl diz que...

Hello Yardbird
Actualiza o link para o Concrete Sky porque mudei a morada dele ;)

11:19 da manhã  

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