domingo, janeiro 29, 2006

Tributo a um Soul Man

WilsonPickett

Depois de uns dias de ausência - coisas do blogger - regresso só para prestar uma pequena homenagem a um dos maiores soul-man, Wilson Pickett, desaparecido há poucos dias.
A ele se deve em boa parte, o sucesso da Atlantic, etiqueta onde gravavam grandes nomes como Sam & Dave, Aretha Franklin ou Otis Redding, que fez da editora de Nova York uma das maiores casas de discos da década de 60.
Amanhã, voltarei às músicas de sempre. Por hoje, fiquem-se com a magnífica voz de Wilson.

Wilson Pickett - Land of 1000 dances

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Musicas da vida II

Nos anos 60, como já referi, os singles tinham um peso diferente, e a carreira dos interpretes estava mais dependente do impacto de canções que na consistência dos álbuns. O salto foi dado precisamente a meio da década, com a edição de álbuns como Revolver, dos Beatles, ou Aftermath, dos Rolling Stones.
(Vejam-se as vendas de álbuns que, embora de importância muito semelhante visto que estabeleceram recordes de vendas, tiveram em diferentes épocas: Bob Dylan, Blonde on Blonde (1966): 2.000.000 de cópias; Pink Floyd, The Wall(1979): 23.000.000 de cópias.)
Quero eu dizer que, se agora digo que o álbum x é excelente porque avalio a obra por inteiro, na altura analisava mais esta ou aquela canção. O Em Órbita, o programa de rádio referência de uma geração, elegia uma listagem anual de singles e não de Lp’s. Assim, e dada a grande quantidade de canções que marcaram a época, vou deixar só nota daquelas que ficaram como marcos.
E se já aqui falei de Satisfaction, dos Stones, de A Whiter shade of Pale, dos Procol Harum, Eleanor Rigby, dosBeatles, ou Like a rolling stone, de Dylan, não me vou repetir e passo por cima, referindo, por exemplo, o génio atormentado de Brian Wilson que em 1966 traz á luz uma das grandes músicas da década e de sempre, Good Vibrations. A música era resultado de 9 meses de trabalho, e a complexidade das harmonias vocais, aliado à inovação e á intrincada malha instrumental, explicava o porquê de tanto tempo de gestação.


Um ano antes fora editada aquela que é considerada pelos críticos musicais, uma das mais poderosas canções pop de todos os tempos, You’ve lost that loving feeling, dos Righteous Brothers, duo que por cá nunca teve grande popularidade, a não ser por uma musiquinha delicodoce intitulada Unchained Melody. Mas You’ve lost...é uma canção inolvidável
Mais tarde na década, surge um grupo que apesar da curta existência, marcou para sempre o panorama musical anglo-americano e uma parte significativa da juventude de então (e não só, ainda é referência para muitos jovens), que se revia na figura do seu líder: os Doors e Jim Morrison. A canção que os lança definitivamente no trilho da fama, Light my fire, é bem o reflexo da personalidade provocadora e sensual de Jim, crítico feroz da hipócrita moralidade vigente na sociedade norte-americana.

No ocaso da década de ouro, e não abdicando da sua perspectiva crítica, o super-grupo Crosby, Stills and Nash demonstram o seu virtuosismo lírico e instrumental, num fabuloso Suite: Judy blue eyes, dedicado à quebra-corações Judy Collins, e cuja harmonia vocal e melódica sobe até à perfeição.

Entretanto, de uma outra América, mais rural e selvagem, a mesma de “Born to be wild” dos Steppenwolf e de que aqui já falei, surgiria um grupo familiar, os Creedence Clearwater Revival, que com a sua Proud Mary, abririam definitivamente as portas da fama a um country-rock até então ainda muito delimitado nas suas fronteiras.

Seria injusto passar por cima da grande música negra da década. Principalmente porque o génio de Otis Reddingdeixou, no meio de uma obra imensa e intensa, essa pérola chamada Sitting in the dock of the bay.
Ike and Tina turnesr

Mas se desse já falei, falta referir uma super-canção, cantada, gritada, chorada, pela então jovem e pujanteTina Turner elevada aos píncaros da paixão, e acompanhada pelo ainda seu marido e mentor, Ike, e que nunca poderia passar em branco numa lista deste género: “River deep. mountain high”

CSN Poster

sábado, janeiro 14, 2006

Músicas da vida

A minha amiga Vague deixou-me um desafio aí em baixo num comentário, que achei muito interessante e que me deixou a pensar todo o dia sobre a sua viabilidade.
Dizia ela :
porque não abres concurso para colocação das músicas q mais marcaram e marcam a quem quiser participar?
...e nesse intercâmbio descobrimos outras tantas músicas q nos acompanharão, sabe-se lá. hum?

Claro que achava óptimo que muita gente participasse, embora saiba que, pelas audiências do blog, a participação deva ser relativamente reduzida, mas...Why not? Afinal é uma maneira de nos conhecermos através de um gosto comum.
Portanto, é esse a proposta que vos deixo aqui, sublinhando que, no fim, quando
concluir que ninguém mais está disposto a divulgar os seus segredos, escreverei um post onde farei um apanhado geral dos vossos/nossos gostos.
Para facilitar, começo por mim.

Como sabem, os meus gostos estendem-se já por algumas décadas, o que torna a tarefa difícil, e como é evidente, num só texto, torna-se mesmo impossível, pelo que o farei por capítulos
Já aqui falei dos primeiros músicos que me atraíram, como Franki Valli e os FourSeasons, , mas a primeira canção que me ficou era de Del Shannon, e chamava-se Runaway.


Era uma boa canção, e para uma rádio que só transmitia canções da Maria José Valério e do Artur Garcia, ou uns cantores franceses foleiros como o Johnny Halliday ou a France Gall, era qualquer coisa de inovador e refrescante, quase genial.

beatles-half-faces

A primeira canção dos Beatles que ouvi, o She loves you, marcou-me uma boa parte da adolescência. Eram as tardes de Verão passadas nos bilhares do Parque Mayer, o cigarro ao canto da boca em atitude de “crescido” e a juke-box sempre a tocar o She loves you e o respectivo b-side, que era o Twist and shout. Depois, vieram uma quantidade de músicas deles, todas inesquecíveis, e algumas muito marcantes. Era uma começo de uma era incomparável.

Dentro da mesma época, surge a primeira música dos Rolling Stones
que ouvi, Carol. Pode não a melhor deles, mas para mim, sempre foi um marco, uma canção potente, um rock impregnado com o cheiro forte dos blues.

Aqueles eram os Rolling Stones puros e duros, agarrados às suas raízes dos rythm’n’blues, que mais tarde, e com muita pena minha, abandonariam.


E também House of the rising sun, dos Animals, uma canção fenomenal e que teve um impacto extraordinário, não só pela voz impressionante de Eric Burdon, mas também pelo inovador órgão de Alan Price.


Amanhã continuo...
animalsposter1oq

sábado, janeiro 07, 2006

O gosto dos outros


É sempre curioso ver expostas por aqui as listas anuais de álbuns. Quando encontro em listas alheias discos que não cheguei a ouvir, raramente resisto a uma audição, confiando sempre que se alguém que gosta de música o elegeu, é porque deve merecer atenção. Isto, apesar da diversidade de gostos. E posso dizer que se já houve muita coisa que foi de certo modo uma desilusão, também “descobri” pérolas que guardo ciosamente
Mas ainda mais curiosas são as listas feitas pelas revistas da especialidade – geralmente anglófonas – dos álbuns “de sempre”, segundo a votação dos leitores.
A Q procede a uma votação pública amiúde, não sei se anualmente, a Rolling Stone também, e a Mojo, outra referência neste campo musical, procedeu de igual modo, embora o tenha feito baseado segundo a opinião de críticos musicais e não do público
A Karla S divulga aqui a listagem da revista Q deste mês (que ainda cá não chegou), com a última votação do seus leitores

Q 2005

Há surpresas? Há sempre. Por exemplo: não é curioso que um álbum do Eminem figurasse na listagem de há dois anos da mesma revista em 5º lugar, e agora seja ignorado? E o mesmo com o Is this it, dos Strokes, que é varrido do 9º lugar? Até porque no restante, as coisas mantêm-se com muito poucas alterações.
Mas o que é mais estranho nestas coisas, é que embora a obra dos Beatles mantenha alguma visibilidade, parece que o tempo apaga definitivamente das memórias figuras primordiais da música popular.
Onde para a obra-prima de Marvin Gaye, “What’s going on?” ? Onde Electric Ladyland ou Are you experienced, de Hendrix? E qualquer dos albums dos Doors? Morreu definitivamente a memória de Jim Morrison? E Dylan e os seus imortais (para poucos, pelos vistos) “Highway 61 Revisited” e “Blonde on Blonde”?
Claro que se sabe que grande parte dos votantes são jovens para quem Hendrix ou Morrison, se calhar, nunca existiram. Mas é pena, porque penso que o legado desses músicos é de tal forma enriquecedor que não devia ser deixado cair no esquecimento.
Claro que me podem dizer que os gostos mudam ou evoluem. Mas não creio que quem goste de música possa não gostar de ouvir esta música:
Jimi




Jimi Hendrix Experience – Purple Haze

Já agora, e a título de curiosidade, deixo aqui uma listagem que a Mojo editou em 1995, segundo a votação de 75 críticos musicais

Mojo 1995

Há algumas diferenças, não há? Claro que depois disto, já saíram álbuns que mereciam entrar para estes 20 primeiros. Mas tantos?
Uma nota para fazer referência a uma “preocupação” do Ricardo C. do mesmo blog: também a mim me surpreende a irrelevância a que tem sido remetido sistematicamente “Secrets of the Beehive”, tal como ele refere, um dos grandes álbuns dos anos 80, e que eu reforçaria dizendo que é um dos grandes álbuns de sempre.
Fico a pensar se não teremos sido só nós a reparar no raio do disco!

David Sylvian



Forbbiden Colours

Como canta o Jimi:
“Excuse me, while I kiss the sky”

Nota:- Já agora, não seria curioso tentarmos definir os nossos 20 ou 25 álbuns de sempre? Depois, sempre podíamos ver as diferenças.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Quem é o rapazinho?

Stevie Wonder

No início de um já muito longínquo ano, este rapazinho, então com 16 anos, irrompia na cena musical com esta música, e esta voz poderosa, que augurava uma grande carreira.
Tem sido longa, com algumas coisas menos boas, mas também com algumas obras de referência na música popular.
Sabem quem é?

N.R.- Para quem vai visitando este cantinho, deixando sempre um rasto de simpatia, os meus agradecimentos e os votos de que o vosso 2006 seja tão bom quanto o meu.
Obrigado a vocês pelo carinho de sempre