domingo, novembro 27, 2005

WHO are you?

who


Um dos maiores cartazes da swinging London da época de ouro nos 60’s, foi sem dúvida o grupo The Who. Na altura, a juventude londrina dividia-se em duas tendências, de moda e música bem distinta: os Mods, uma juventude rebelde mas ligada à alta burguesia, e os Rockers, que seguiam mais a linha rockabilly. The Who era o grupo líder do movimento Mod, percursores do movimento pop, desde cêdo se distinguiram pelas suas estrepitosas aparições.
Na bateria furiosa, e invariavelmente destruída durante os concertos, o frenético, e lastimavelmente malogrado Keith Moon, uma viola empunhada e brandida em movimentos de moinho pelo excêntrico Pete Townhsend que atravessava o palco em correria desalvorada inúmeras vezes em cada show, e uma voz potente, quase ameaçadora de Roger Daltrey. Em fundo, o quase sorumbático e imperturbável baixista John Entwistle, também falecido recentemente.
Mas a história dos The Who, ficará para a próxima, porque merecem abordagem aprofundada. Hoje trago-os aqui, porque agora ouço-os diariamente na minha série de televisão preferida : CSI

CSI3


Há muito tempo que uma série não me dava tanta satisfação como esta me dá. Há muito que não acontecia, combinar afazeres de forma a não coincidir com o horário de uma série de televisão.
Se não costumam ver, nem sabem o que perdem. E no fim deste época vai dar o episódio duplo dirigido por Quentin Tarantino, que quem já viu diz que ser de antologia.
Mas aqui, e por hoje, ficam mesmo só os The Who

The Who Cover

segunda-feira, novembro 21, 2005

O Guitarrista mais rápido do Mundo

A determinada altura, Alvin Lee, o solista dos Ten Years After, foi considerado pela imprensa musical, o guitarrista mais rápido do mundo. Tomei boa nota, mas nunca entendi muito bem a relevância do título, além de que sempre me pareceu que ser mais rápido que George Thorogood no manuseamento da viola, seria tarefa quase impossível.
Para mais, o seu solo mais conhecido, Love like a man (que cabe perfeitamente no assunto do post anterior), que deve ter sido ensaiado por todos os grupos pop de todo o mundo aspirantes à fama, era bem lento, embora, por exemplo, o Goin’ Home, outra das suas “flag-songs”, atingisse uma velocidade de ponta quase supersónica, pelo menos em improvisos levados a cabo durante alguns memoráveis concertos.Talvez aí residisse a origem de um título que não lhe trouxe outros benefícios a não ser a vontade do público comprovar da justeza do título, e da sua parte, a vontade de o provar.


Alvin Lee & Ten Years After – Love Like a Man


Alvin Lee & Ten Years After – Goin' Home

Seja como for, o homem era um virtuoso da guitarra, oriundo das escolas dos bluesmen ingleses, e conseguiu ter seguidores tão notórios como Joe Satriani e Steve Vai, e o seu grupo teve alguma preponderância no panorama musical de fins de 60, inícios de 70. Teve o azar de ser contemporâneo de monstros da guitarra como Jimi Hendrix ou Eric Clapton (que ao contrário era apelidado de slow-hand), ou mesmo Jimmy Page e Jeff Beck, o que o impediu de alguma vez ser considerado o nº1. Depois, foram surgindo novos valores, como Mark Knopfler, e aí já lhe faltava alguma chama para disputar um lugar de destaque. Foi assim que se manteve sempre como um guitarrista de primeira linha, talvez ao nível de um Rory Galagher, Gary Moore ou um Robin Trower, mas sem nunca ultrapassar aquela linha que separa os bons dos óptimos. E desde há muito que a sua carreira se resume a concertos, sendo a edição discográfica escassa.
Ainda sobre os riffs mais reconhecíveis, um caso interessante é o dos Spencer Davis Group, um dos nomes maiores da swinging London enquanto Stevie Winwood, então com menos de 16 anos, foi teclista, voz e alma do grupo. No caso, era, não um riff propriamente, mas o som característico da viola do solista, Spencer Davis himself, e que, juntamente à vocalização muito “soul” de Stevie, ajudou à rápida ascensão do grupo, ao estrelato, muito à semelhança do que aconteceu com os Kinks de Ray Davies, de You really got me.
Assim, e em relativamente pouco tempo, o Spencer Davies Group, teve uma série de músicas de top (a mais conhecida, provavelmente Somebody help me) que se iniciaram com Keep in Running, e acabaram em I’m a Man, este já em vésperas da deserção de Stevie para formar os Traffic, deixando um grupo que não mais alcançou notoriedade.

Spencer Davis Group - High Time, Baby

Spencer Davis Group

quinta-feira, novembro 17, 2005

O mais célebre riff de guitarra

Stones


Se fosse hoje, passava despercebido por banal. E no entanto, quando o feedback inicial de I Feel Fine foi escutado pela primeira vez, foi uma surpresa e um sucesso instantâneo. Creio não errar muito, se disser que foi a partir daí que a música popular deu o salto para uma maior inovação, principalmente no que diz respeito ao uso das guitarras, ou mais concretamente, à sua componente eléctrica.


The Beatles – I Feel Fine


De facto, até essa altura, os guitarristas durante as gravações, tentavam tocar com o virtuosismo que possuíam, sem recorrer a improvisações – essas eram guardadas para os concertos, e mesmo assim, moderadamente - e a parte eléctrica servia unicamente para amplificar o som das violas. É verdade que havia grandes guitarristas, nomeadamente oriundos da escola dos blues ou da música country. E em Inglaterra imperavam os Shadows, exímios executantes que deixaram escola, porém, sempre sem grandes rasgos. Devo dizer que os ouço sempre sem um entusiasmo excessivo. Nunca lhes consegui sentir um rasgo de génio, mau grado o virtuosismo de Hank Marvin.
Voltando aos rapazes de Liverpool, na altura eram muitas vezes depreciados pelos opinion-makers musicais da altura, nomeadamente nos EUA (a história do atraso na edição dos seus discos na América por uma etiqueta de renome é quase anedótico), e George Harrison, um guitarrista under rated. Porém, foi a ressonância da sua viola de 12 cordas que fez “voar” os Byrds.
E é na sequência desta revolução musical, que surge aquele que é possivelmente ainda hoje, o mais famoso riff de guitarra de todos os tempos, (I can’t get no) Satisfaction, tocado pelos Stones, o toque de génio que os haveria de guindar ao estatuto de super grupo, no verão de 1965.


Rolling Stones – (I can’t get no) Satisfaction

Numa listagem organizada em 2004 pela insuspeita Rolling Stone segundo a opinião de músicos, críticos e figuras da indústria fonográfica, e com o muito de discutível que estas listas sempre têm, Satisfaction ocupava um 2º lugar, logo atrás de Like a Rolling Stone, de Bob Dylan, o que dá uma ideia da valia da música de Jagger/Richards.
Confesso que fui perdendo o entusiasmo pelos Rolling Stones, após morte de Brian Jones, em 69. Digamos que o acontecimento coincidiu com o afastamento total por parte do grupo, das suas raízes “bluesianas”, e a fase inicial sim, é entusiasmante e imprescindível. Depois, ainda fizeram sair um ou dois álbuns interessantes, mas daí para a frente, fui sempre um ouvinte distante da sua música.
Poster Rolling Stones

sábado, novembro 12, 2005

Still Got the Blues


A revista Mojo deste mês vem acompanhada, como sempre, de um cd. Mas este é muito especial, uma vez que se trata de uma compilação que os autores pretenderam incluir músicas que tivessem tido influência na carreira musical de um dos maiores mitos de sempre da música: Jimi Hendrix, o mago da guitarra.
E sem dúvida que o disco vale a pena (até é de borla e tudo), porque se são incluídos nomes sobejamente famosos como Buddy Guy ou B. B. King, na colectânea também se incluem nomes menos conhecidos dos menos atentos aos blues, como Pop Staples ou Robert Petway.
Mas estes são nomes fundamentais na história dos blues, uma espécie de pais espirituais de Jimi (é só escutar os riffs das guitarras de Albert King ou Buddy Guy e fazer a comparação), e por isso, de escuta obrigatória para quem gosta.
O disco traça através de sonoridades muito ricas, um percurso através de 15 gravações, todas dignas de audição atenta, as raízes onde Hendrix, e outros nomes foram beber.


Steve Cropper, Pop Staples & Albert King
What’d I Say

Paralelamente, a revista traz-nos algumas curiosidades sobre uma época menos conhecida do guitarrista, durante a sua juventude, em que se exercitava com uma vassoura a substituir a guitarra, imitando Elvis Presley (até no penteado cheio de brilhantina) – ao contrário do que seria suposto, a primeira música que aprendeu a tocar foi Memories are Made of This, de Dean Martin - passando pela sua adolescência, em que se começou a integrar no circuito de clubs de Seattle, integrando vários grupos, até se decidir partir para Inglaterra, onde Chas Chandler, baixista dos Animals, e a iniciar a sua carreira como produtor, o agarrou e lançou para o estrelato com Hey Joe.


Big Bill Broonzy - Key to the Highway
Além das músicas acima, que fazem parte dos álbuns que as ladeiam, o disco inclui ainda faixas de Jimmy Reed, B. B. King, T-Bone Walker, Booker T and the MG’s, Elmore James.
Destaque para uma versão de Killing Floor, do gigante (literalmente) Howling Wolf, que serviu de inspiração a muitos músicos dos anos 60, e especialmente a Hendrix, que a tocou quando, em Outubro de 1966 subiu ao palco para tocar com os Cream de Clapton, Bruce e Baker
Howling


Howling Wolf – Killing Floor


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A talhe de foice, e já que se fala de Blues um breve aparte. Por vezes depreciam-se as líricas dos blues, olvidando-se que os blues são do povo e para o povo.
Mas será que são assim tão...básicas?

People call me black
I know every word they say is true
People call me black
I know every word they say is true
But there ain't nothin' in the world, whoo Lord Lord
A poor black man could do
President Reagan helped the rich
And he never say nothin' 'bout the poor
President Reagan helped the rich
and he never say nothin' 'bout the poor
But I'm so glad
He won't be president no more
What President Kennedy give us
Old Reagan's took it back
What President Reagan's [sic] give us
Old Reagan's took it back
He cut off the poor veteran, ooh Lord Lord
And he even took on the tax
(Jack Dupree)

terça-feira, novembro 08, 2005

12 Anos depois...O Regresso da Bela

Após um interregno de doze longos anos, eis que regressa para nosso prazer, uma das vozes mais sensualmente arrepiantes de sempre da música popular, Kate Bush.
Neste Aerial, Kate, que à excelência da voz, junta a elegância da presença e uma face de beleza exótica e quase etérea, como que renasce das cinzas para nos oferecer um trabalho cuidado, onde a voz amadurecida pelos anos, não perde, contudo, a frescura dos tempos do extraordinário Wuthering Heights, nem a exuberância sensual de Hounds of Love.
Como todos os trabalhos de Kate, este é mais um álbum onde o romantismo é levado muito a peito, chegando a roçar uma luxúria controlada. Dividido em dois discos, vai do registo intimista de “Mrs. Bartolozzi”, um exercício para canto e piano pleno de erotismo, até um registo orquestral mais complexo, por exemplo em “King of the Mountain”.
E se o cuidado nos arranjos é meticuloso e sem falhas, as líricas são, como sempre, de bom gosto e qualidade. Pode-se dizer, no fim da audição, que valeu a pena tão longa espera.
Mas o melhor mesmo é ouvir o disco e comprovar que Kate continua de posse de todas as suas faculdades
Ontem: Wuthering Heights


Hoje: Mrs. Bartolozzi

Aerial

Nota: Apesar da ordem trocada, o texto abre com a música do último disco

quarta-feira, novembro 02, 2005

Música Popular...Sinfónica

genesis

Genesis - 1970

No início dos anos 70, tinha o seu apogeu o movimento do rock-sinfónico que acabou por ser um pouco misturado com o rock-espacial, que terá tido na sua génese o grupo Nice, de que fazia parte Keith Emerson, mais tarde membro fundador dos Emerson, Lake and Palmer, um dos grupos mais representativos do movimento, os Electric Light Orchestra, que Jeff Lynne fez renascer das cinzas dos Move, os Pink Floyd e os renascidos Moody Blues, depois da incorporação de Justin Hayward.
Foi uma corrente de extremos: fez-se do péssimo ao óptimo, e dele ficaram nomes que ainda resistem, como os Jethro Tull – embora sempre me tenha parecido que Ian Anderson fazia uma música muito sui-generis e pouco catalogável – os Yes, que nas suas inúmeras reencarnações, cada uma pior que a outra, deixando quem os apreciava sempre saudosos de um Close to the Edge, os imperdíveis Van der Graaf Generator do génio Peter Hamill, ou os King Krimson. Pelo caminho, definitivamente os Génesis, autores de algumas das obras maiores desse género de música, os Camel, os Gentle Giant, Procol Harum ou Alan Parsons.
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Moody Blues - Dawn is a feeling

Este movimento encontrou um eco especial na Europa Central, especialmente na Alemanha, onde os Tangerine Dream, os Trumvirat e os Kraftwerk alcançaram uma notoriedade mundial que até aí nenhum grupo fora do eixo anglo-saxónico tinha conseguido.
Foi a altura das teclas fazerem a sua aparição em força, e muitas vezes, os espectáculos ao vivo eram uma exibição fantástica de pianos e órgãos que ocupavam quase todo o espaço cénico.
Devo dizer que tive o particular prazer de assistir ao último concerto dos Génesis ainda com Peter Gabriel, no Pavilhão de Cascais, evento que até hoje não esqueci.
Só tive pena de nunca conseguir assistir a um dos espectáculos do mago Ian Anderson, quando ele estava em plena forma. Um autêntico flautista de Hamelin da era moderna. O que vale é que há sempre os Dvd’s.

- Jethro Tull – Hunting Girl (do album ao vivo Bursting Out)-

Torna-se maçador o evocar de nomes, e o que pretendo na maioria das vezes é fornecer a quem certos nomes são menos familiares, uma indicação sobre os que, na minha óptica, valem a pena a audição.
Dessa época, deixando de fora a obra dos Pink, por me parecer que ela é por demais conhecida, referirei aquelas que me parecem ser obras marcantes da época em que a música popular mais se aproximou da clássica.
Assim, se da obra dos Génesis difícil será difícil escolher entre as obras-primas que são Selling England by the Pound, The Lamb lies down on Broadway, ou Nursery Crime, e dos Jethro Tull me é quase impossível estabelecer preferência entre Stand Up ou Aqualung, aí vai uma lista restrita dos álbuns preferidos
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Alan Parsons Project - I Robot; Camel - The Snow Goose; Electric Light Orchestra - The Electric Light Orchestra; Emerson, lake & Palmer - ELP; Genesis - Selling England by the Pound
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Gentle Giant - Octopus (e já agora, o curioso In a Glass House); Jethro Tull - Aqualung; King Krimson - In the Court o Krimson King; Kraftwerk - Trans-Europe Express; Mike Oldfield - Tubular Bells
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Moody Blues - Days of Future Passed; Procol Harum - Procol Harum; Triumvirat - Spartacus; Van der Graaf Generator - The Quiet Zone/The Pleasure Dome: Yes - Close to the edge

Gentle Giant – An Inmates Lullaby (do album In a Glass House)
Muita da música electrónica que se faz hoje, tem as suas raízes nesse movimento, e confesso que de algumas derivações, não gosto especialmente. Também a alguns ouvidos, muito do que se fez então pode parecer pretensioso, mas acredito que, exceptuando os exageros normais, foi um movimento bastante positivo.
E como disse houve algumas coisas pouco aconselháveis, penso que ouvir a maior parte dos discos de Rick Wakeman não vos vai adiantar. Fiquem-se por Voyage to the Center of the Earth ou por The Six Wifes of Henry VIII que chega perfeitamente.
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