sexta-feira, novembro 30, 2007

Incontornáveis/1964 (2ª parte)

Sessenta e quatro, será também o ano em que Dylan trará à luz dois álbuns, “The times they are a-changing” e “Another side of Bob Dylan”. O primeiro, muito na linha de “Freewheelin‘…”, é fortemente interventivo, com canções como a que lhe dá nome, ou “With God on our side” e em “The Ballad of Hollis Brown” ou “The Lonesome Death of Hattie Carroll” lavra o seu protesto contra a injustiça e a discriminação que dilaceram a grande nação americana.
Em “Another Side…”, Robert Zimmerman faz a aproximação a um lirismo a que até então pouco tinha denunciado na sua poesia, e a parte melódica aparece mais cuidada.
Bob Dylan - It ain't me, baby


All I really want to do”, de que os Byrds farão mais tarde uma cover notável, ou “It ain’t me babe”, são já prenúncio das mudanças que se iriam verificar em breve na música de Dylan. O título do álbum aparece como um prenúncio
Os Beatles e os Stones, lançavam depois do meio do ano, novos álbuns. O dos Beatles, “Beatles for sale”, é um dos últimos em que o grupo de Liverpool ainda inclui algumas covers de grandes nomes do r’n’roll, como “Rock and roll music”, de Berry, ou “Honey don’t”, de Carl Perkins. Mas é sobretudo uma viagem ao lado mais “escuro” de Lennon, em “I’m a loser” ou “Baby’s in black”. Para equilibrar, faixas como “I’ll follow the sun” ou “Every little thing”, trazem de volta o universo feliz dos Beatles de “A hard day’s night”. Um disco com muitas faces, que perfazem um todo fora do comum.
A propósito do 2º álbum dos Stones, quero referir que, e dando razão á nota aqui deixada pelo meu ilustre leitor JC na resposta ao post precedente, por vezes os discos editados por um qualquer grupo na Grã-Bretanha ou nos EUA diferirem no alinhamento, sendo que em alguns casos a diferença era significativa. Como tal, os que nomear futuramente aqui, serão sempre aqueles que possuo (uma nota para referir que não sou coleccionador - não tenho queda nenhuma para ser coleccionador de nada, quando muito, um ajuntador, pelo que é raro possuir mais que um exemplar de cada disco, e por mero acaso, algumas das ressalvas concerne precisamente aos RS).
Voltando aos Stones, o “Rolling Stones 2”, trata-se de um trabalho que se poderia considerar quase um prolongamento do anterior: excelentes covers de clássicos dos r’n’blues como “Under the boardwalk”, (Resnyck e Young), “Suzie Q” (Walkins e Lewis) ou “Pain in my heart” (esta, uma excelente versão da bela canção de Toussaint,


Pain in my heart

que teria muitas mais, das quais destacaria a imortal interpretação de Otis Redding). Por outro lado, a dupla Jagger e Richards “atrevia-se” mais um pouco na composição, e incluía no disco 3 originais, dos quais destacaria “Off the hook”, talvez o mais conseguido de todos. (a outra edição deste Lp chamou-se 12X5 e tinha um alinhamento consideravelmente diverso deste).
Outra das produções marcantes do ano, foi o 1º Lp do grupo pelo qual passou o maior número de guitarristas de excepção, sendo que o primeiro se chamava Eric Clapton. O Lp, “Five Live Yardbirds” foi gravado ao vivo no Marquee Club, o que não era nada habitual na altura, o que faz dele, e só por si, um álbum muito importante. Diga-se que o reportório dos Yardbirds não divergia muito do dos outros grupos de r’n’b, e isso reflectiu-se bem nessa primeira gravação, donde se destaca um excelente “I’m a man”. O que na altura os distinguia dos demais, era realmente a qualidade insuperável do seu viola solo, que os abandonaria algum tempo depois, insatisfeito com o rumo mais exploratório de novos sons e menos fiel aos blues, em que o grupo decidiu investir


I'm a man


Mais 3 Lp’s assinaláveis do ano:

1964 Where Did Our love go1964 Glad All Over1964 The Zombies

Começo pelo das Supremes (uma das tais batotas). Este grupo vocal feminino liderado por Diana Ross conseguiu a proeza de competir em termos comerciais com os Beatles, o que não era mesmo nada fácil, e só por isso já mereciam a menção. Mas o Lp é mais que isso. Ou por outra, demonstra porque é que tal acontecia. É um desfilar de grandes êxitos, a maioria assinados pelos irmãos Dozier e Holland, uma das mais extraordinárias alianças de compositores/produtores de sempre.
Quanto aos Dave Clark Five, e curiosamente, o apontamento também tem relação com os Beatles. Com efeito, por essa altura na Grã-Bretanha e durante algum tempo, pensou-se que os Dave seriam a “next big thing” e que seriam eles a competir directamente com os Beatles a nível de popularidade. Puro engano. A consistência não era assim tanta, e o reinado dos Dave foi de curta duração. Mas este Lp é realmente muito agradável, uma explosão de alegria e r’n’roll límpido e bem tocado.
Deixei para o fim o meu preferido, o dos Zombies, talvez por ser, dos três o preferido. Os Zombies fazem parte do meu imaginário, com as suas melodias maravilhosas, jamais igualadas no seu tempo por qualquer outro grupo da sua dimensão. De “She’s not there”, a “Tell her no”, viajamos por uma espécie de 5ª dimensão musical que vale a pena fazer.
Zombies - Time of the season

Adenda a 1964 (2)

Outros factos relevantes de 64:
- Arranca o Top of the Pops, um programa musical de referência durante várias décadas, e Radio Caroline inicia as suas emissões piratas.
- a 9 de Fevereiro, o show de Ed Sullivan que apresentava os Beatles aos EUA tinha uma audiência de 73 milhões de telespectadores. É esta a data que mais provavelmente marcará o início da British Invasion.
- a 13 de Março no Marquee Club, Sonny Boy Williamsom toca com os Yardbirds


- a 3 de Julho, os Who iniciam a sua carreira sob o nome de High Numbers
- a 6 de Julho, estreia-se “A Hard day’s night”
- a 20 de Agosto Bill Haley apresenta-se em Londres com Brenda Lee

Singles do ano:



- Needles and Pins - The Searchers
- Everyday I have to cry - Dusty Springfield
- Anyone who had a heart - Cilla Black
- Not fade away - The Rolling Stones
- A world without love - Peter & Gordon
- My boy lollipop - Millie
- That girl belongs to yesterday - Gene Pitney
- Maybelene - Johnny Rivers
- My Guy - Mary Wells
- Can’t buy me love - The Beatles
- Don’t throw your love away - The Searchers
- Here I go again - The Hollies
- Shout - Lulu and the Luwers
- You’re no good - Swinging Blue Jeans
- Hello Dolly - Louis Armstrong
- It’s all over now - Rolling Stones
- Have I the right - The Honeycombs
- House of the Rising Sun - The Animals
- Tobacco Road - The Nashville Teens
- It’s over - Roy Orbison
- I wish you would - The Yardbirds
- Do wah diddy - Manfred Mann
- You really got me - The Kinks
- A hard day’s night - The Beatles
- Crying Game - Dave Berry
- I’m into something good - Herman’s Hermits
- As tears go by - Marianne Faithful
- She’s not there - The Zombies
- Together - P.J. Proby
- I’m crying - The Animals
- When you walk in the room - The Searchers
- Oh Pretty Woman - Roy Orbison
- Always something there to remind me - Sandie Shaw
- Sha la la - Manfred Mann
- He’s in town - Rockin’ Berries
- All day and all of the night - The Kinks
- Don’t bring me down - The Pretty Things
- Baby please don’t go/Gloria - Them
- Little Red Rooster - The Rolling Stones
- Baby love - The Supremes
- I feel fine - The Beatles
- Go now - The Moody Blues
- Yeh, yeh - Georgie Fame
- Ferry across the Mersey - Gerry and the Pacemakers
- Love Potion nº 9 - The Searchers



Ep do ano:


- Five to Five - The Rolling Stones

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segunda-feira, novembro 26, 2007

Incontornáveis/1964 (1ª parte)

1964 poder-se-á considerar o ano chave para muitas das bandas (ou personalidades) que fizeram a história da música popular nos anos 60, e a consolidação do merseybeat (derivada do novo que banha Liverpool, o Mersey), designação que definiu um “som", que se tornou predominante em parte da British Invasion, embora de vida curta. Grupos como os Searchers, Gerry and the Pacemakers, os mesmo os Hollies adoptaram-no sucesso significativo.
Ao consultarmos os BI de alguns grupos, é fácil constatar que já vinham de trás, mas 64 foi o ano da afirmação, como será o caso dos The Animals, uma das “descobertas” de um dos gurus do r’n’b ingleses, Graham Bond, que começaram por editar “Baby, let me take you home”, uma adaptação de “Baby, let me follow you down”, de Dylan, mas que teriam a sua consagração a nível planetário com o single seguinte, “The house of the rising sun”, um “tradicional” de Josh White, onde pontificava magistralmente, não só, a voz “negra” de Eric Burdon, mas também o a partir daí inconfundível órgão de Alan Price, instrumento até então pouco usado por este tipo de grupos. Ambas as canções fizeram parte do seu primeiro álbum, “The Animals”. O grupo incluía então Chas Chandler (que seria "SÓ" o produtor que "descobriria" Jimi Hendrix), Hilton Valentine e John Steel, e dariam mais tarde no defunto Monumental, um dos mais extraordinários e insólitos - "apagou-se" o sistema de som, e Burdon, irritadíssimo, cantou mesmo sem microfone - a que jamais assisti.
The Animals - Club a Go-Go

Naturalmente, este seria o ano da explosão galáctica dos Beatles, com a beatlemania a invadir inexoravelmente os EUA, e a sua poderosa indústria discográfica, abrindo assim caminho a muitos outros.
O ano iniciava-se com “I wanna hold your hand” á frente dos tops, e com os Rolling Stones em digressão com as Ronettes e Dave Berry, entre outros, enquanto os Yardbirds eram a banda suporte de Sonny Boy Williamson na sua tournée por terras inglesas, “união” que daria mais tarde origem a um excelente Lp..
A Hard Day’s Night seria um dos álbuns do ano, banda sonora do filme que apresentou universalmente os Fab Four “em carne e osso”, e que incluía já um apreciável número de canções de um estilo inconfundível, a flutuar entre a balada romântica e os british blues com melodias irresistíveis e que se tornou a chave do sucesso da banda. A minha opinião, sendo desde sempre um admirador dos Beatles, pode conter em si algo de facciosismo, mas neste álbum, como em todos os outros, não consigo encontrar uma canção que se destaque, tão boas eram todas. No entanto, poderia referir a canção que serve de título ou a encantatória “If I Fell”, como contraponto à enérgica “Can’t buy me love”.
Os Manfred Mann, composto por alguns dos notáveis alunos de John Mayall e ex-companheiros de banda de Graham Bond - o próprio Manfred(organista) e Mike Hugg(bateria) - chegam pela primeira vez ao top 10 da NME com 5-4-3-2-1, mas seria com Do-Wah-Diddy (cover de um êxito das Exciters) que atingiriam o top. Curiosamente, nenhuma destas canções, tal como a seguinte a atingir os topos das vendas, “Sha la la” (outra cover, esta de um original das Shirelles) reflectia a verdadeira identidade do grupo, os r’n’blues. Só mesmo vendo o grupo ao vivo, ou ouvindo o seu excelente 1º Lp, “Five Faces of Manfred Mann” de que faziam parte belas versões de “Hoochie Coochie Man”, de Dixon, ou “I ‘ve Got my mojo working”, de Morganfield. Da formação dos Manfred, faziam então parte, não só os já mencionados, mas também o sax e guitarrista Mike Vickers, o vocalista Paul Jones, e baixista Tom McGuinness.
Manfred Mann - I've got my mojo working

Outro dos incontornáveis de 64 foi o 1º Lp dos Rolling Stones, “England’s Newest Hitmakers”, na minha opinião, um dos melhores dos Stones, mesmo que praticamente todo ele composto por versões de clássicos de blues. Única excepção, a 1ª canção do duo Jagger/Richards, “Tell me”. Mas o Lp é, sem dúvida, extraordinário. Creio que poucas versões de “Carol“, “Not fade away”, “Walking the dog”, de Thomas, ou “Route 66”, de Troup, terão atingido o brilhantismo daquelas dos RS dos primeiros tempos. O vigor da execução de Richards e Wyman, e a interpretação quase selvagem do jovem Jagger secundado por um frenético Brian Jones, emprestavam uma força inigualável aos “clássicos”.
The Rolling Stones - Walking the dog

(continua)


quarta-feira, novembro 21, 2007

Conversões (2) - The Bee Gees

Se houve um grupo gerador de controvérsias originadas pelas inflexões da sua carreira, nomeiem-se os Bee Gees.
Há umas semanas, transcreveu o Luís no seu “Ié-Ié” uma crítica (apologista), feita em seu tempo pelo “Em Órbita” à 1ª canção do grupo que rodou no “prato” do programa em 1967:

New York Mining Disaster 1941 é uma gravação que sempre nos cativou. O som dos Bee Gees revela uma nostalgia patente nos primeiros tempos da sonoridade beatleniana.
Todavia, convém notar que o som dos Beatles já pertence ao património comum da música popular anglo-saxónica. As influências têm portanto essa porção de legitimidade. Para além disso, há muito para observar nesta gravação e em especial o escrúpulo interpretativo dos seus criadores e o chamatismo da sua parte lírica
”….
Bom, claro que os responsáveis do “Em Órbita” não adivinhavam o futuro, nem o futuro teria que influenciar a opinião expressa da altura. Ainda hoje concordo com o que então se disse.
Mas agora, e tendo uma perspectiva completa da carreira da banda, diria que foram só ameaços. Ameaços que duraram uns tempos largos, sim, é verdade, porque a seguir a New York Mining Disaster, ainda surgiram gravações dignas de registo.
Assim, após esse primeiro assalto às charts inglesas, e bem adaptados ao que então se fazia na velha Albion - relembre-se que eles vinham da Austrália, onde residiam há muitos anos - e o seu 1º Lp, intitulado precisamente "1st", reflectia até na capa, o clima psicadélico que então se vivia. Dele faziam parte entre outras, as canções “Holiday” - uma réplica bem denunciada de Yesterday, mas apesar disso, uma bela canção - “To love somebody” ou “I can’t see nobody”. Um Lp bastante equilibrado.
Estava-se em pleno Summer of Love e o single seguinte dos Bee Gees, “Massachusets” iria, com grande pompa, até ao top britânico em Setembro, antecedendo aquele que seria provavelmente a mais consistente obra do grupo, “Horizontal”, que incluiria canções como “Lemons never Forget”, “With the sun in my eyes” ou “World”.

Até 69 o trio (que nos primórdios era um quinteto, mas que acabaria por se resumir aos três irmãos), manteve-se à tona, lançando ainda um Lp razoável “Idea”, mas já cheirava a declínio quando editaram o seguinte, “Odessa
Chegados aqui, e como primeiro balanço, poder-se-ia dizer que os Bee Gees nunca primaram pela originalidade, mesmo nesta 1ª fase. Se Holiday era uma quase gémea desfasada de Yesterday, Massahusets tinha muito da "San Francisco" cantada por Scott McKenzie. Mas a obra no seu todo, era de nível bastante para que fossem considerados um dos grupos com mais peso em Inglaterra. De certo modo, merecidamente. Como frisavam os editores do Em Órbita no texto "...as influências, têm portanto essa porção de legitimidade"
Depois, é o que está mais presente na memória de todos e que redundaria numa das mais lamentáveis transfigurações da história da música anglo-saxónica, que passou pelo "You should be dancing" do "inestimável" "Children of the world" e teria o seu ponto alto (ou baixo), no inenarrável Spirits Having Flown, e que é resultado de um querer permanecer na ribalta a todo o custo, depois de uma espécie de anos de racionamento.
Não me vou alongar sobre esta fase, nem no que se seguiria, é história relativamente recente, a maior parte conhece-a, e alguns até admirarão aquela resistência dos Bee Gees e a sua capacidade de se adaptar aos novos tempos.
Mas eu nunca fui mesmo grande adepto daqueles trinados a roçar o ridículo. Para mim, os Bee Gees acabaram em 1969. O resto será, quando muito, uma verdadeira “Tragedy”.
P.S. - Uma nota: um dia deixei aqui a chamada de atenção para como os Scissor Sisters parecem os Bee Gees reciclados. É só ouvirem o “Spirits having flown” e vejam lá se não é verdade…

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segunda-feira, novembro 19, 2007

Incontornáveis/1963

Penso não conhecer ninguém que se interesse por música, a quem não tenha sido solicitada uma ou outra vez para que elaborasse a sua lista de álbuns - ou mesmo das músicas - da sua vida. E essa, para mim, é uma tarefa árdua, mas à qual nunca resisto a corresponder. O curioso é que não me lembro de dar duas listas iguais, embora também nunca haja diferenças muito significativas.
Helen Shapiro - Queen for tonight

Estas alterações devem-se a duas ordens de factores: o 1º corresponde a uma natural flutuação do humor, por exemplo, há dias em que prefiro o Pet Sounds ao Blonde on Blonde, e lá surgem a seguir ao White Album, sendo que no dia seguinte, podem perfeitamente inverter posições. A 2ª razão prende-se com a própria dinâmica destas listas, e de por vezes, ainda surgirem coisas que me surpreendem. Por exemplo: se tivesse hoje que elaborar uma dessas listas, há dois álbuns dos últimos 12 anos que teriam lugar garantido: “Grace”, de Jeff Buckley, e “O”, de Damien Rice, o que quer dizer que essa lista seria substancialmente diferente de outra feita há 13 anos.
Mas desta não me proponho fazer qualquer lista. O que se passa é que poderão aqui passar alguns jovens - ando numa fase optimista, está visto - que até poderão ter a paciência de ler os meus textos, mas que, dado não terem vivido a época, acabarem por ter dificuldade em os enquadrar, tanto mais que reconheço alguma anarquia nos temas que abordo, saltando de um assunto para outro, sem preocupação de lhe dar qualquer sequência lógica.
Por isso, decidi-me a elaborar, faseadamente, uma análise aos álbuns (e algumas músicas) que “fizeram” a década em que mais incidem os textos, a dos anos 60. Para facilitar, deixei de fora os álbuns da grande música negra, dos blues aos grandes nomes da Motown e da Atlantic (farei uma ligeira batota, mas justificarei na altura), que poderei abordar mais tarde.
Começando pelo princípio, e porque me comecei a interessar pela música anglo-americana em 1962, diria que nesse início de década, o panorama próprio em Inglaterra, que é o que agora vem ao caso, não era muito animador, com um domínio dos tops por parte dos americanos mais conhecidos e suficientemente enfadonhos para não me entusiasmar, como Frank Ifield, Adam Faith ou Elvis Presley (este, por vezes bastante audível, perdoem-se-lhe algumas abencerragens) e ingleses, como Cliff Richard e os Shadows, ou Billy Fury, que permaneciam nos tops muitas semanas seguidas. Como já referi, os singles imperavam, e os longa duração eram, na maior parte das vezes colectâneas que compilavam os vários singles editados por determinado grupo ou cantor.
Uma das vozes que mais me impressionaram à altura, foi a de uma londrina de 14 anos chamada Helen Shapiro, que foi a verdadeira rainha da pop londrina, pelo menos por dois anos.
Em Julho desse ano, Brian Jones e Mick Jagger reuniam o primeiro alinhamento dos Rolling Stones, dos quais, além dos próprios e de Keith Richards, faziam parte Dick Taylor (futuro The Pretty Things) e outros que não fizeram história, e estreiam-se no Marquee Club. Bill Wyman e Charlie Watts chegariam mais tarde. (Será curioso referir que por essa altura, Jagger fazia questão de frisar que os Stones eram uma banda de r&b e não de r’n’roll, quando uns anos depois a banda se auto proclamou como a maior banda de r’n’roll do mundo)
No mês seguinte, os Beatles “despedem” Pete Best, e Ringo Starr toma o seu lugar. Em Outubro gravam “Love me do/PS I love you“, para a Parlophone.
Portanto, é sob bons auspícios que abre 1963, que se confirmam com a gravação ainda nos primeiros dias de Janeiro, de Please, Please Me/Ask me Why pelos Beatles, considerado pelo New Musical Express, o “disco do ano”.
Os Lp’s relevantes durante esse ano serão poucos.
Please, Please MeLittle Deuce CoupeThe Freewheelin' Bob Dylan


With the Beatles

- Please, Please Me - The Beatles
- The Freewheelin’ Bob Dylan
- With the Beatles
- Little Deuce Coupe - The Beach Boys

Singles do ano:
- Queen for tonight - Helen Shapiro
- Walk right in - The Rooftop Singers
- From me to you - The Beatles
- I Like it - Gerry and the Pacemakers
- Sweets for my Sweet - The Searchers
- Twist and Shout - The Beatles
- I’m telling you now - Freddie and The Dreamers
- She Loves you - The Beatles
- Do you love me - Brian Poole and the Tremeloes
- You’ll never walk alone - Gerry and the Pacemakers
- Sugar and Spice - The Searchers
- I wanna be your man - The Rolling Stones
- Glad all over - Dave Clarck Five
- I want to hold your hand - The Beatles
- Hippy, hippy shake - Swinging Blue Jeans



Rooftop Singers - Walk Right In


Dave Clarck Five - Glad All Over

O ano seguinte seria, esse sim, o do grande boom da “Invasão Britânica”.

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sexta-feira, novembro 16, 2007

Uma questão de coerência

A 1 de Abril do ano presente, e para relembrar a 1ª emissão do mítico programa de rádio “Em Órbita”, escrevia JC, entre outras coisas, o seguinte, a propósito dos objectivos dos autores do programa:
“…Essa radicalidade, esse “desprezo” (chamemos-lhe assim) pelo gosto das maiorias substituído pelo gosto dos seus autores, essa “arrogância” assumida (sim, não há mal nenhum nisso) ajudou a formar e a formatar o gosto musical (e não só) de uma geração, mas foi muito para além disso: contribuiu para a criação, em muitos adolescentes de então onde

The Spencer Davis Group - Dimples

felizmente me incluo, de uma personalidade e um novo modo ver e entender o mundo…”
Digamos que a opinião vertida expressa perfeitamente os propósitos dos evocados, tal como expressa correctamente a atitude adoptada por muitos dos que ouviam o programa, número em que gratamente me incluo. Foi com eles que me habituei a ser exigente com o que ouvia, e a tentar distinguir o trigo do joio. Que é como quem diz, a não querer escutar tudo o que me pretendiam impingir, mesmo que a “embalagem” parecesse atraente.
Até porque, lembro-me bem, um dos lemas do programa era:
Gostos educam-se. Depois, discutem-se”. E eu não poderia estar mais de acordo. Então como hoje
E como se trata de uma questão de princípios, é por isso que, do que não gostava então, continuo a não gostar hoje. Lamentavelmente (na óptica de alguns), nesse aspecto o tempo não teve o condão de me amolecer o coração. Nunca fui muito de dizer que “no meu tempo é que era bom”, e na música muito menos. Diria mesmo que, a não ser o que o Em Órbita transmitia, pouco mais havia. Se em Portugal imperava, por lado um nacional cançonetismo bacoco e obsoleto e por outro uma meia dúzia de grupos que se limitavam ao arremedo patético do que se fazia lá fora, de França - relembre-se que a nossa educação á altura era marcadamente francófona - e exceptuando a canção de texto que pouca abertura tinha nas rádios portuguesas - o que chegava era de uma mediocridade quase atroz, a geração Salut les Copains (da qual se salvavam somente Hardy e Dutronc, e mais tarde Gainsbourg, genial criador), e só se diferenciava do que se fazia por cá pela manifesta diferença de meios. O que sobrava na Europa, era a Itália a viver da canção napolitana e do festival de San Remo e uma Espanha subjugada por uma ditadura asfixiante de todas as formas de arte que não fossem as mais retrógradas e tradicionalistas (se é que existe tal arte). Assim, amodorrávamos tristemente ao som de Halliday ou Rafael, de Calvário ou Garcia, de François ou Morandi.
Passados tantos anos, mantenho o espírito crítico que me não deixa comer gato por lebre.
Por isso é que aqui há dias quando o meu amigo Zé Mendes me perguntou se não tinha por cá o Staying Alive dos Bee Gees, lhe perguntei se estava a gozar comigo.


a Animalsa Martha and the Vandellasa Manfred Mann

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Bring it ob home to me/ Nowhere to run/ Do Wah Diddy

terça-feira, novembro 13, 2007

Conversões (1) - The Moody Blues

É verdade que me lembro muito de tempos antigos. E da música que se fazia então, e que me marcou de forma indelével. Por vezes pequenos nomes, que me disseram muito. Quando falo em pequenos nomes, refiro-me a alguns de que já aqui falei, os “one hit acts”, ou outros, que por uma razão ou outra nunca chegaram sequer a figurar na categoria dos ilustres.
Por vezes, aparecia uma canção, ouvia-a, procurava saber quem a cantava e augurava-lhe futuro. Mas alguns ficavam mesmo pelo caminho, e nunca mais se ouvia falar deles. Para o futuro, sobejava a “tal” canção.
Confesso que a certa altura, foi o que me pareceu ir acontecer aos Moody Blues, uma das melhores bandas de rythm’n’blues (que espanto, hein?), de Inglaterra, e que se tornaram conhecidos com uma canção que foi um hit instantâneo em Novembro de 1964: “Go Now”, uma cover de Larry Banks.

Go Now

A carreira dos Moody Blues pode-se dividir em duas fases bem distintas, e a primeira, embora não se resumisse à “tal” canção, pouco mais adiantou. Em 1965 editaram um LP - The Magnificent Moodies - onde incluíam uma belíssima versão de “It Ain’t Necessarily So“, (Gershwin), cantada de forma quase melodramática, e ainda uma canção que teve algum sucesso, embora não tivesse subido muito nas charts: “From the bottom of my heart”.


It Ain‘t Necessarily So
Esse facto pareceu determinante para o grupo e em fins desse ano, a banda de Birmingham parecia à beira do fim, e o ano seguinte foi de penosa travessia no deserto, apesar da renovação verificada na linha do grupo, com a entrada de John Lodge e Justin Hayward. Foi então que pensei que a banda, acabaria como tantas outras, incapaz de se reinventar.
Mas não. A entrada destes dois músicos foi decisiva na inflexão da música e da carreira dos Moody Blues. Apesar de se tratar de uma obra colectiva, “Days of Future Passed”, o sumptuoso álbum dos Moody Blues editado nas derradeiras semanas de 1967 e que foi uum êxito planetário, nota-se a presença inovadora dáqueles dois músicos.
Este, e apesar das influências psicadélicas bem vincadas terá sido quanto a mim, a obra percursora do rock sinfónico que se avizinhava, apesar de já anteriormente os Beatles tivessem recorrido à colaboração de uma grande orquestra, no seu fabuloso “A Day in the Life”.

Dawn is a Feeling


E assim se assistia à ressurreição dos Moody Blues que se julgavam mortos, e de quem aqui se falará mais adiante.

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quinta-feira, novembro 08, 2007

A Importância de se chamar Bo Diddley

Ao nascer , puseram-lhe o nome pomposo de Ellas Otha Bates McDaniel . Tornou-se conhecido sob o nome de Bo Diddley, e gravou em 1958 um longa duração com o seu nome, da qual constavam músicas como “Bo Diddley”, “I‘m a man“, “Who do you love?” ou “Pretty Thing”. O mundo musical acordava então para o “Bo Diddley beat”, simples mas electrizante, e que seria influente como poucos outros na música que se faria de então em diante.

Bo Diddley - Bo Diddley

No início dos anos 60, Alexis Korner, John Mayall e Graham Bond traziam do outro lado do mar a sonoridade dos blues e iniciavam assim, um importante movimento na música anglo-saxónica, até então de modesta expressão exceptuando talvez Cliff Richard e os seus muito "clean" Shadows - quando comparada com o riquíssimo mercado norte-americano.
A aderência da juventude britânica, a sua cultura musical - alguém alguma vez esquecerá os Concertos Promenade da BBC? - foi impressionante, e o germinar de grupos de rythm’n’blues, espantosa.
Na verdade, muito poucos foram os grupos de então que não se aventuraram por essa via, embora uns tempos mais tarde, alguns derivassem para uma via mais pop, com mais ligações ao rock’n’roll branco de Elvis, Buddy Holly ou Lonnie Donnegan, talvez reflectindo a clivagem existente entre mods e rockers, as efervescentes sub-culturas da juventude inglesa de então, podendo-se incluir nesse grupo, por exemplo, os Searchers (grupo de skiffle que já vinha dos anos 50), Swinging Blue Jeans, Dave Clarck Five ou Hollies, e acima de todos, os Beatles. Mas mesmo esses grupos não desdenharam gravar “covers” de alguns já então, clássicos negros, nomeadamente de Chuck Berry.
Mas o que interessa agora é lançar um olhar (ou um ouvido) à musica de alguns fiéis e ilustres blues’ianos, chamemos-lhe assim, e verificar da influência que sofreram do acima referido trabalho de Bo.
Fiquei impressionado quando ouvi a cover que os Stones fizeram de Carol, de Berry, que fazia parte do seu 1º EP editado em Portugal. Mas a posterior audição do seu primeiro LP deixou-me completamente espantado, especialmente com a abertura, Not Fade Away, de Holly. Devo acrescentar que só muito tempo depois ouvi o original, mas continuei a gostar mais da versão dos Stones.

Rolling Stones - Not Fade Away

De qualquer forma, aquele beat era-me familiar. Claro, era o rambling beat de Diddley, que, explicou ele uma vez, criou de forma a que se parecesse com o som de um camião carregado a rolar pela noite fora.
Aliás, se se atentar bem nesse primeiro álbum dos Stones, fácil será verificar que em todo ele se explora essa singular forma de tocar, e que tem sequência em 12x5, o longa duração seguinte do grupo londrino.
Quase ao mesmo tempo, os Animals de Alan Price e Eric Burdon, à altura a voz mais negra de Inglaterra, registava versões de “Bo Diddley” ou “Roadrunner”, enquanto que os Yardbirds e Eric Clapton gravavam a sua versão de “I’m a man“, música que posteriormente teria um número incontável de versões, de Iggy Pop aos Creation, passando pelos Dr. Feelgood e Jimi Hendrix. E os Pretty Things gravavam igualmente”Roadrunner”.

Bo Diddley - Pretty Thing

Quanto a “Who do you love”, Jim Morrison encarregou-se de imortalizar aqueles pouco mais de 3 minutos de música, com uma versão esmagadora, já depois de a mesma ser cantada a várias vozes, umas mais conhecidas - Eric Clapton, Peter Green, Sonny Boy Wellington e os Yardbirds - outras menos, mas todas elas veneradoras do génio de Diddley.
Este pequeno resumo, dará certamente a ideia da importância que aquele álbum teve no panorama musical anglo-saxónico. Diz-se mesmo que, sem ele, o “rock “não teria “roll”ado da mesma maneira.

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segunda-feira, novembro 05, 2007

The Ivy League...e Rockin' Berries

Ainda sobre o último escrito, que suscitou respostas muito interessantes e atentas por parte do JC, autor de excelente “O Gato Maltês”, e do Luís que já aqui havia referido, gostaria de voltar ao caso singular dos Ivy League, na minha opinião um dos grandes nomes da swinging London do pré-psicadelismo, e que por cá, como tantos outros, terá passado quase anonimamente.
Este trio constituído em 1964 - John Carter, Ken Lewis e Perry Ford - possuía um naipe de vozes quase insuperável, sendo a influência do doo wop de Frankie Valli e os seus Four Seasons, bem evidente nas intrincadas harmonias exibidas.
Lastimavelmente, e como tão bem caricaturaram os Monty Python anos depois, as mudanças no alinhamento eram uma constante na vida dos grupos, e a saída de Carter e Lewis - que formaram mais tarde os Flowerpot Men - em 1966 ditaram o ocaso da formação, que resumiu a sua discografia num álbum editado em 1965, “This is the Ivy League”, onde pontificavam os seus três maiores sucessos, Funny how love can be (8º nas charts), That’s why I’m crying (22º) e Tossing and turning (3ª),todos eles, entre Janeiro e Junho de 65. Muitos anos depois, seria editado um magnífico duplo cd com todo o material do grupo, o Major League- The Collectors' Ivy League.
The Ivy League - Tossing and Turning

The Ivy League - That's Why I'm Crying

Curioso será referir que “Funny how love can be”(Carter/Lewis), terá sido previamente gravado por um grupo com alguns pontos em comum com os Ivy League, os Rockin’Berries, mas por questões marginais, a edição do disco foi protelada, e a versão dos Ivy League - afinal a original - acabou por sair primeiro, e foi por aí fora até ao 8º lugar do top.
The Rockin' Berries - He's in Town
Azar dos Rockin’ Berries, que resumiram os seus sucessos de top a “He’s in town” (3º lugar em 15/10/64) e “Poor Man’s Son” (5º em 13/05/65).
Agora, para comparar:
The Ivy League - Funny how love can be

The Rockin' Berries - Funny how love can be

sábado, novembro 03, 2007

One Hit Acts

O panorama musical anglo-americano até meados/fins dos anos 60 vivia muito das “grandes” canções que atingiam os tops - curiosamente, tem-se verificado de há uns anos para cá no campo da música mais “pop” um retomar da tendência - e os Lp’s resultavam mais de uma reunião dos A sides e B sides lançados durante determinado período, do que resultado de um trabalho específico para conseguir uma “obra” estruturada. É opinião muito generalizada que a inversão de mentalidades terá ocorrido quando saiu “Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band”(67), mas pessoalmente, tenho que tal se tenha verificado algum tempo antes, quer com Rubber Soul (65), dos mesmos Beatles, ou mesmo com Highway 61 Revisited (65) ou Blonde on Blonde(66), ambos de Dylan.
Ao mesmo tempo, as constantes convulsões musicais que varriam a velha Inglaterra principalmente após a erupção a nivel mundial dos Beatles e outros que constituíram aquilo a que se designou de British Invasion - entre os quais Stones, Animals , Manfred Mann ou Pretty Things, mais dedicados ao Rythm’n’Blues; Kinks, Hollies ou Ivy League num registo mais “pop” - deu origem ao florescer de uma miríade de grupo, a maior parte deles, de existência efémera, mas suficientemente importante para que a história musical dos 60 se possa fazer, ignorando-os.
É a esses grupos (ou solistas), que chamei “one hit act”, uma vez que a sua passagem pelas tabelas de vendas se resumiram a um grande êxito, desaparecendo - ou quase - de seguida.
Quem pretenda fazer um flash-back mais ou menos objectivo sobre esses anos e aqui restringi-me às tabelas inglesas, dificilmente poderá ignorar nomes com Gerry and the Pacemakers, cujo “You’ll never walk alone”(1º lugar dos tops em 31/10/63) se transformou em lema de clubes de futebol, ou do “Have I the right”(27/08/64), dos Honeycombs, single que, curiosamente, foi lançado em Portugal como Ep, que tinha no outro lado do disco o super-hit dos Kinks “You really got me”.
Wayne Fontana & the Mindbenders - The Game of Love

Na galeria dos efémeros, mas incontornáveis, poderia mencionar o “World without love”(23/04/64) da dupla Peter&Gordon, que se manteria um par de anos no circuito comercial, mais graças à sua ligação a Paul McCartney, que namorava então a irmã de Peter, Jane Asher, “Tobacco Road”(09/07/64), dos Nashville Teens ou “Game of Love”(04/02/65), de Wayne Fontana and the Mindbenders.
Sem pretender ser exaustivo, menciono os que passaram pelo lendário “Em Órbita”, grande divulgador - embora bastante criterioso nas escolhas - dos tops anglo-saxónicos, “Concrete and Clay”, dos Unit 4+2, em 1965, ano em que Barry McGuire explodia com o seu “Eve of Destruction”, uma das primeiras “protest songs”.

Barry McGuire - Eve of Destruction

De 66, é digna de registo a meteórica carreira nos tops de Crispian St.Peters, que entre Janeiro e Março, teve 2 grandes êxitos: “You were on my mind” e “The Pied Piper”. Do mesmo ano, o primeiro grupo espanhol a chegar ao top 10, os Los Bravos, com o super-hit “Black is Black”(30/06)


Los Bravos - Black is black

e um grupo cuja música retro animou muitos bailes lisboetas, os New Vaudeville Band, que também num curto espaço de tempo tiveram 3 canções a atingirem os tops: “Winchester Cathedral”, “Peek-a-Boo” e “Finchley Central”. Acrescentarei de que não me lembro de um único grupo português de então, que não tocasse o “Winchester Cathedral”.
1967 foi indubitavelmente o ano de Scott McKenzie e da música mais identificada com o Summer of Love: “San Francisco (be sure to wear some flowers in your hair)(09/08/67)”. Na boleia, os Flowerpot Men, surgem com um “Let’s go to San Francisco”(23/08/67), que não chega a alcançar o nº1, mas quase (4º).

BoxTops - The Letter

Outra música a marcar o ano é “The Letter”(13/09/67), dos BoxTops, cujo vocalista, Alex Chilton, acabaria por sobreviver ao desaparecimento do grupo, e transformar-se em figura de culto.
O ano seguinte, iniciar-se-ia com três enormes sucessos de vendas, “Judy in Disguise”, de John Fred and his Playboy Band, "Everlasting Love”, dos Love Affair, onde pontificava o vocalista Steve Ellis e “Green Tambourine” de uns Lemon Pipers a navegarem na onda psicadélica.


John Fred & his Playboy Band

No fim desse ano, surgiriam dois actos - bastante diferentes entre si, mas ambos, digamos…exóticos quanto baste): The Crazy World of Arthur Brown, com “Fire”(26/06/68) e Scaffold, com “Lilly the Pink”.
Este último grupo, tinha como particularidade o facto de dele fazer parte Mike McCartney, irmão do beatle, e que para não ser acusado de usar o famoso apelido para alcançar a fama, mudou o nome para Mike McGear. O grupo usava um humor muito inglês nas suas canções, actuava muito ao estilo “vaudeville“, e além de Lily, teve ainda mais um êxito, “Thank U very much”, mas a crítica sempre os considerou de gosto duvidoso, e a verdade é que um dos nomes adoptados para o agrupamento, “the Liverpool One Fat Lady All Electric Show”, enfim…
O último ano não foi, neste aspecto, muito marcante, embora tenham surgido um par de grupos interessantes nos tops, embora de passagem rápida, nomeadamente os Amen Corner, do vocalista Andy Fairweather Low com “Half as Nice”, Thunderclap Newman, com “Something in the air”, ou “Love grows” - que conheceu várias versões - dos Edison Lighthouse.


Thunderclap Newman - Something in the air

Dos três, os Thunderclap, um grupo produzido por Pete Townshend (The Who) seria o mais interessante, embora o seu tempo fosse breve.
Claro que pelo meio destes, outros terá havido a gozarem os seus 15 minutos de fama que constitui a ascensão aos tops. Mas esses, não fazem parte da minha história.
Se alguém quiser acrescentar algo, está à vontade…